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Star Wars: Episódio IX - A Ascensão Skywalker (Crítica)

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Apesar do cinema sempre destacar a importância de cada filme tornar-se uma obra fechada, Star Wars nunca respeitou tal regra.

Em 1977, George Lucas já havia imaginado a criação de um Universo Compartilhado, num formato novelesco, exibindo sua grande história em partes. Nisso, “Uma Nova Esperança” já começa a partir de uma ação desenfreada, que se segue pela jornada do seu herói, mostrando ao fundo, inúmeras subtramas, que depois seriam exploradas em outros meios.

Assim, repaginando conceitos do tipo o bem contra o mal, ou o oprimido contra o opressor, ou amizade contra traição, Lucas conseguir criar uma relação forte entre o produto e um grande público. Mesmo que essa construção de George Lucas não ter sido um sucesso, naquela época, foi o necessário para se criar uma base de fãs, que levou a saga perdurar por vários anos.

Todo esse contexto é extremamente necessário para falarmos sobre o nono episódio da saga, intitulado “A Ascensão Skywalker”. Prometido como o capítulo final de uma grande história, o roteiro de J.J. Abrams e Chris Terrio retoma a nostalgia criada em “O Despertar da Força” (2015), revisitando muito do que foi explorado na primeira trilogia, nos áureos anos da franquia. Star Wars é uma novela espacial, e aqui não devemos negar isso.

Outra questão que também deve ser colocada na mesa, antes de começarmos a falar sobre o episódio atual, seria o seu anterior, “Os Últimos Jedi” (2017). Ali, o diretor Riah Johnson deixou inúmeros fãs enfurecidos, pela sua quebra de expectativa, tentando apostar em várias reviravoltas, que nem sempre pode se dizer que foram as melhores possíveis.

E nessa discussão entre diretores, com visões diferentes sobre a saga, a trilogia é que sofre. Aqui, em “A Ascensão Skywalker”, Abrams tenta consertar alguns “erros” cometidos por Johnson, que apesar de tranquilizar o fã mais revoltado com o anterior, torna o filme atual mais um remendo do anterior, do que um desfecho de trilogia. Para não falar que Abrams joga fora tudo que foi visto em “Os Últimos Jedi”, a relação entre Kylo Ren (Adam Driver) e Rey (Daisy Ridley) não só permanece, como também amadurece.

Porém, toda essa tentativa de “conserto” faz com que o filme atual tenha um ritmo bastante apressado, jogando inúmeras explicações sem aprofundá-las, pois é preciso entregar uma aventura com “apenas” 2h20min.

Mas nada que irrite tanto ao fã clássico, que até se acostumou com isso. Star Wars, como uma gigantesca novela, sempre se mostrou um pouco fraco no planejamento de narração, mas que aos trancos e barrancos foi conseguindo chegar ao sucesso. Nisso, a conexão emocional de seus personagens é tão forte, que, muitas vezes, nos permite perdoar alguns possíveis erros.

Lembrando que a missão desse filme não era nada fácil. “A Ascensão Skywalker” precisava concluir tudo. E nessa pressa em cumprir o seu objetivo, o desfecho é bastante previsível, apesar de satisfatório. É preciso considerar que inúmeros pontos de interrogação eram necessários de respostas, as quais dificultam a criação de um novo Universo. Nisso, para alguns, o filme pode sofrer a sensação de possuir pouca inovação.

Mas para mim, caro leitor, a solução foi a melhor possível. A busca pelo simples, trazendo de volta a base de Star Wars, que sempre foi o bem contra o mal, a amizade entre os heróis e a busca por uma galáxia melhor, sem perdermos a esperança, é a chave para o sucesso. E foi nisso, pelo simples, que Star Wars se transformou na maior franquia do cinema, e que será lembrada por muitos anos, quer sejam feitas novas produções ou não.



Classificação: Ótimo (4 de 5 Estrelas)

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