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Mostrando postagens de janeiro, 2022

O Beco do Pesadelo (Crítica)

cinemacomrapadura.com.br Guillermo del Toro é um diretor de carreira respeitável, que se caracterizou por utilizar, em suas obras, monstros como alegorias, subvertendo a mensagem, ao compará-lo aos humanos. No fim das contas, estes últimos se mostram bem mais assustadores, que os primeiros. Apesar disso, “O Beco do Pesadelo” é o primeiro filme do mexicano, sem a presença de nada sobrenatural. Mesmo assim, ele ainda mantém o lado fantasmagórico, que sempre o fascinou. Del Toro, constantemente, procurou focar na história de pessoas excluídas, aquelas que não seguem o “padrão” imposto pela sociedade. Aqui, ele é atraído pelo Circo, que permeia, como cenário, boa parte do longa. Para quem não sabe, “O Beco do Pesadelo” é uma refilmagem de “O Beco das Ilusões Perdidas” (1947), que havia sido dirigido por Edmund Goulding, sendo a primeira adaptação do livro homônimo de William Lindsay Gresham. Ressaltando que o filme de 1947 sofreu com a censura americana, pois na época, a his

Spencer (Crítica)

g1.globo.com Definitivamente, Pablo Larraín não é um diretor comum. Sua filmografia é bastante específica, geralmente, caracterizada por cinebiografias de personalidades públicas, procurando focar mais no lado pessoal do seu protagonista, e menos no já conhecido da grande mídia. Essa fuga do óbvio, já começa na escolha de seus intérpretes, geralmente, bem sui generis, fisicamente, dos personagens envolvidos. Não muito diferente disso, temos seu mais novo trabalho, “Spencer” , que conta com Kristen Stewart interpretando Lady Di. Essa experiência de Larraín o permite atingir o domínio narrativo, ousando ao colocar um novo ponto de vista, numa figura pública. Combinado a isso, temos o roteiro corajoso de Steven Knight, que permite ao espectador a se debruçar sobre as emoções da “princesa do povo”, nos fazendo, junto a ela, questionar tudo ligado a realeza. E o filme mesmo não dá muita importância para o lado glamoroso de Diana (Stewart), mas sim para o de mãe e sua forte relaç

A Tragédia de Macbeth (Apple TV+) – Crítica

globo.com “A Tragédia de Macbeth” é o primeiro longa que o diretor e roteirista Joel Coen realiza sozinho, sem a companhia de seu irmão, Ethan Coen. Aqui, Joel conta com a colaboração da esposa, a atriz Frances McDormand, e adapta a obra homônima de William Shakespeare, dando um tom mais pessoal e sério, onde a ambição é o grande tema. Embora o título do filme apele para o lado trágico, o filme de Coen, na verdade, é mais uma adaptação a seu estilo, usando seu humor característico, em meio a fortes acontecimentos. McDormand interpreta Lady Macbeth e Denzel Washington, em alto nível, faz seu esposo, que na verdade, trata-se do personagem-título. Lord Macbeth é o general do Rei da Escócia, que durante uma caminhada, acaba se deparando com três mulheres misteriosas, que lhe dão uma profecia pagã: “Mate o rei, que o trono será seu” . Essa peça, como podem ver, é famosa por retratar a força da corrupção, em meio a uma zona de poder, onde estamos cercados por fatos absurdos. Os ir

Drive My Car (Crítica)

mubicdn.net Indicar um filme de três horas de duração é sempre algo complicado, até mesmo para aquele seu amigo cinéfilo. Pior ainda, quando a proposta é feita em cima de um drama, com ritmo lento, baseado apenas em diálogos. Porém, quem não quiser encarar “Drive My Car” , saiba que perderá um ótimo passatempo. Embora, o texto original, em que o filme se baseia, escrito por Haruki Murakami, só tenha 40 páginas. Nisso, a história se mostra, a princípio, bem simples. Começamos pela jornada de um casal infeliz, que sofre o abalo de perder uma filha, e cada um deles responde a isso, de uma forma. O marido, Kafufu (Hidetoshi Nishijima), decide se separar e focar na sua carreira como encenador, após ser convidado para participar de um festival, numa cidade vizinha. Porém, surge um outro problema: A seguradora do projeto obriga Kafufu a utilizar um motorista particular, Watari (Tôko Miura), sendo proibido de dirigir. Isso é outro baque para o nosso protagonista, já que ele usava o mom

Apresentando os Ricardos (Prime Video) - Crítica

uol.com.br A nova aventura de Nicole Kidman, nos cinemas, é interpretar a atriz Lucille Ball, na semana mais difícil de sua vida. Ela está sendo acusada de participar do Partido Comunista, o que faz com que sua carreira corra risco, com a audiência a pressionando. Para piorar, ela precisa concluir o roteiro de seu sitcom, “I Love Lucy” , em meio as acusações e a baixa receptividade do público americano, para sua persona. Além disso, a atriz acaba descobrindo que seu marido, Desi (Javier Bardem), a está traindo, o que faz com que seu casamento esteja por um fio. A direção e o roteiro de “Apresentando os Ricardos” fica por conta de Aaron Sorkin ( “Os 7 de Chicago” ), que já começa o filme, prometendo bastante, prendendo a atenção do espectador, de imediato. De início, vemos que o filme utilizará da metalinguagem, misturada com a estrutura documentário, onde vemos relatos de várias pessoas, que passaram pela vida de Lucy. A direção acerta muito nessa condução, mas o elogio ma

Amor, Sublime Amor (Crítica)

showmetech.com.br A nova versão de “Amor Sublime Amor” foi uma das produções que sofreram com o efeito da pandemia. Adiado por mais de um ano, o mais recente projeto do diretor Steven Spielberg, chegou até nós e já trouxe, de cara, uma nova revelação de Hollywood: Rachel Zegler. E a tarefa não era fácil, aqui ela interpreta Maria, papel marcante da atriz Natalie Wood, no filme original de 1961. Para quem nem sabia da existência de uma obra original, “Amor Sublime Amor” é nada mais, nada menos, que um Romeu e Julieta musical. Agora o confronto das famílias é representado por duas gangues de Nova York, os Sharks e os Jets. Em meio a isso, Steven Spielberg acrescenta a disputa do território, uma denúncia contra o preconceito e o abuso, trazendo bastante representatividade latina e negra, o que torna a sua obra, apesar de adaptada, ganhar em originalidade. Uma dessas pequenas mudanças está na etnia de alguns personagens. Bernardo, líder dos Sharks e irmão de Maria (Rachel Zeg

Encanto (Crítica)

disneyplusbrasil.com.br Não é novidade para Disney reverenciar o papel feminino, principalmente, em relação ao controle emocional, vindo pela enorme pressão, que cercam suas personagens. Aqui, em “Encanto” , acompanhamos o arco de Mirabel, sendo construído pelo trio Jared Bush, Byron Howard e Charise Castro-Smith, que dirigem o longa. A trama se inicia apresentando a história da família Madrigal, cujo seus membros precisam participar de uma cerimônia de amadurecimento, onde são premiados com habilidades especiais. Mirabel (Stephanie Beatriz) é a única que não foi agraciada com algum poder, o que causa um certo distanciamento dela, com o resto do seu vilarejo. O objetivo desse filme é ressaltar como a pressão exagerada, por perfeição, pode causar efeitos traumáticos, a quem sofre. O texto, aqui, é rico, embalado num cenário latino, que levanta a ideia de que qualquer minoria pode alcançar sucesso, não precisando renegar sua comunidade. Mas também trazendo os dilemas, que esses i

A Filha Perdida (Netflix) – Crítica

cinemaeafins.com.br Maggie Gyllenhaal estreia como diretora, num projeto com uma abordagem específica para mulheres, especialmente as mães. Ela foca na sensibilidade humana, algo muito parecido com o visto, no ano passado, em “Pieces of a Woman”. Gyllenhaal traz uma adaptação do romance “A Filha Perdida” , de Elena Ferrante. Protagonizando essa história, temos Olivia Colman, que desde o início encarna uma mulher perdida, em sua própria mente. A ideia do texto é levar o espectador uma jornada de experiencia, a partir da jornada de Leda (Colman). A fotografia, de Hélène Louvart, potencializa o roteiro. As cores quentes são bem destacadas, pela melancolia da protagonista, vista por seu riso amarelo e frouxo. Cada imagem provoca sentimentos tristes da mulher, que carrega um imenso fardo. Fardo este, que vem de inúmeros problemas relacionados a maternidade, feminilidade, idade e muitos outros, referentes a protagonista. A diretora não demoniza a personagem, pelo contrário, ela s