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Definitivamente, Pablo
Larraín não é um diretor comum. Sua filmografia é bastante específica, geralmente,
caracterizada por cinebiografias de personalidades públicas, procurando focar
mais no lado pessoal do seu protagonista, e menos no já conhecido da grande mídia.
Essa fuga do óbvio, já começa na escolha de seus intérpretes, geralmente, bem sui
generis, fisicamente, dos personagens envolvidos.
Não muito diferente disso,
temos seu mais novo trabalho, “Spencer”, que conta com Kristen Stewart interpretando
Lady Di.
Essa experiência de Larraín
o permite atingir o domínio narrativo, ousando ao colocar um novo ponto de
vista, numa figura pública. Combinado a isso, temos o roteiro corajoso de
Steven Knight, que permite ao espectador a se debruçar sobre as emoções da “princesa
do povo”, nos fazendo, junto a ela, questionar tudo ligado a realeza.
E o filme mesmo não dá muita
importância para o lado glamoroso de Diana (Stewart), mas sim para o de mãe e sua
forte relação com os filhos, que no caso, era a única coisa que a mantem em pé,
ainda. Ela é tão distante da nobreza, que prefere usar o sobrenome do pai, que
dá título ao filme, e que permitiu ser feliz, há um bom tempo.
A narrativa de “Spencer”
é apresentada em apenas um fim de semana. Diana é mostrada como uma mulher que sofre
com sua ansiedade, em meio a diversas obrigações que “seu cargo” lhe compete.
Nisso, a jovem, sempre que pode, fugiu dos eventos sociais e da companhia de
seus familiares, que sempre a julgavam.
Sua relação com o marido,
Charles (Jack Farthing), é apenas de fachada. Ele a trata de maneira fria e
hostil, o que colabora muito com os problemas emocionais de Diana. Exemplo
disso, está na atitude de Charles de levar Camilla (Emma Darwall-Smith), sua
amante, com quem se casaria após a morte de Lady Di, para ceia com a família,
em plena noite de Natal.
Tendo relações conturbadas com
o marido e a Rainha, o filme destaca a conexão de Diana com os seus três
maiores confidentes. O primeiro é representado pelo Major Alistar Gregory
(Timothy Spall). Militar rígido e autoritário, Alistar mantinha uma certa
diplomacia. Apesar de não nutrir um carisma, ele era leal a princesa e seus
filhos.
Filhos esses que completam a
trinca de confiança. William (Jack Nielen) e Harry (Freddie Spry) sempre davam
a sensação de esperança, de que tudo poderia melhorar. Diana via nos filhos a
juventude, que lhe foi arrancada.
“Spencer”,
como um filme em si, não é uma história revolucionária. Porém, o recorte curto,
optado por Larraín, de retratar apenas o lado mãe e mulher de Diana, é
certeiro. Kristen Stewart encarna, perfeitamente bem, sem vaidade, uma mulher que
tinha sua força, muito pelas dores que suportava.
E embora a narrativa seja bem
excêntrica, monótona para muitos, “Spencer” acerta, em cheio, ao renegar
a realeza de Diana, e focar no seu lado mais real, o lado da mãe e da mulher humana.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)
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