Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2022

A Felicidade das Pequenas Coisas (Crítica)

deadline.com Surpreendentemente, o Butão conseguiu emplacar um finalista no Oscar 2022, na categoria “Melhor Filme Internacional”. Ainda que tenha uma linguagem coloquial, “A Felicidade das Pequenas Coisas” salteia os olhos, pela alta qualidade, vinda de uma país que ainda engatinha na produção cinematográfica. A cenografia, aqui, se une a narrativa, envolvendo o espectador de imediato, procurando fazer com que questionemos alguns valores sociais, de forma limpa e direta. A direção do longa é do estreante, Pawo Choyning Dorji. Ainda que sua narrativa seja didática, ele atinge grande êxito, ao particularizar sua história. Sem glorificar a realidade, apenas imergindo o espectador, aos poucos. Desde o início, somos convidados a acompanhar a jornada de Ugyen (Sherab Dorji), um jovem professor que tem sua vida mudada por completo. Ele acaba de saber que precisará abandonar seu próprio mundo, para trabalhar numa comunidade distante do centro, onde a educação é, extremamente, prec

Mães Paralelas (Netflix) – Crítica

uol.com.br Quando vamos analisar qualquer obra, de algum artista específico, sempre devemos separar bem o que é repetição (comparando com os trabalhos anteriores), do que é da natureza do indivíduo, algo inerente da personalidade do autor. Vira problema quando o público, com o passar do tempo, vê que o artista cai na paródia de si mesmo, e não consegue se inovar, mesmo que mantenha um padrão temático. Um diretor que, certamente, não sofre disso é Pedro Almodóvar. “Mães Paralelas” , seu novo longa, traz temas recorrentes, em sua filmografia, como a centralização do papel da mulher, a neurose humana e a linguagem novelesca. Soma-se isso a fotografia, de José Luis Alcaine, e a direção de arte, de Antxón Gómez, que retoma o senso teatral conhecido. O diferencial de “Mães Paralelas” é a boa cadência, na distribuição dos elementos e das reviravoltas, onde permite ao espectador respirar e digerir todas as ações e as consequências delas, para os personagens. Muito pode se dizer que essas vira

A Pior Pessoa do Mundo (Crítica)

nytimes.com Para quem é da geração millenials , que abraça pessoas entre 25 e 40 anos, certamente, se identificará muito com Julie (Renate Reinsve), protagonista do novo filme de Joachim Trier, “A Pior Pessoa do Mundo” . O diretor, aqui, procura focar em quatro anos, na vida de uma jovem mulher, que passa por inúmeros momentos, de dor a alegria, seja nas questões familiares, amorosas e até profissionais. Tudo isso, com o intuito de achar a melhor composição de si mesma. A grande força do longa norueguês está na sua abordagem dinâmica e no seu ritmo ágil, apresentando pelo diretor. Imprimindo uma narrativa divertida, o longa nos coloca, rapidamente, dentro da história. Sua ideia de dividir a trama em um prefácio, doze capítulos e um prólogo, permite que todos os pontos chaves sejam tocados, colocando o julgamento de valor para o espectador. O enredo é solto, e as ações da protagonista não são, diretamente, condenadas, pois fica para nós, a opinião sobre tais escolhas. Contem

Os Olhos de Tammy Faye (Crítica)

termometrooscar.com Apesar de não tão conhecida aqui, no Brasil, Tammy Faye Baker (Jessica Chastain) foi uma personalidade televisiva americana muito famosa, especialmente no ramo religioso. Sua personalidade extravagante e carismática, ao lado de sue marido Jim Bakker (Andrew Garfield), criou um gigantesco império, entre os anos 70 e 80, a partir do convencimento de seus fiéis. Dentro desse contexto, o diretor Michael Showalter apresenta seu novo longa: “Os Olhos de Tammy Faye” . Aqui, acompanhamos a ascensão e a decadência desse casal missionário, que aliou sua ambição a sua fé. A trama, em sua maior parte, aposta na transformação da atriz Jessica Chastain, em encarnar esse ícone religioso, que junto do seu marido, elevou o evangelismo para um patamar inalcançável, anteriormente. Isso só foi possível graças a compra do canal de televisão The PTL Club, cuja sua expansão foi provocada pelo dízimo de seus contribuidores. Isso tudo, antes das diversas acusações de fraude e conspi

Pacificador (HBO Max) – 1ª Temporada (Crítica)

ovicio.com.br Apesar de muitos terem conhecido James Gunn pelo seu trabalho em “Guardiões da Galáxia” (2014), o diretor já se aventurava pelos super-heróis, antes. Em 2010, ele lança “Super” , já mostrando sua visão particular sobre o gênero: Transformar esses mitos em algo juvenil, sem filtro e subvertendo, totalmente, seu conceito. Onze anos depois, ele apresenta “Pacificador” , repetindo sua fórmula consagrada, mas agora um pouco mais romântico, apostando na jornada humana. Depois de ser demitido da Disney, por conta de tweets antigos seus, envolvendo piadas sobre pedofilia, ele acabou encontrando refúgio na Warner, onde estreou dirigindo “O Esquadrão Suicida” (2021), e agora comanda uma série derivada do filme, focada no Pacificador (John Cena). Aqui, ele usa todo o ataque sofrido, pela então militância do presidente americano da época, Donald J, Trump, transformando “Pacificador”  em uma bela resposta. O foco é no amadurecimento do anti-herói idiota, que Gunn usa para

Licorice Pizza (Crítica)

pipocasclub.com.br O novo filme do diretor P. T. Anderson pode ser visto como uma homenagem as suas próprias memórias, em especial, a descoberta do amor, na sua adolescência, em San Fernando Valley, no norte de Hollywood. Ainda que “Licorice Pizza” pareça, com isso, apenas um romance simples, temos aqui inúmeras referências ao cinema clássico, num bonito tom de leveza. O contexto também colabora com a força do projeto, já que essa produção se passa em 1973, e em relação com a filmografia do diretor, tratando tudo como um “Universo PTA”, estaria localizada em meados de “Boogie Nights” (1997), este ambientado entre os anos 70 e 80. Em “Licorice Pizza” , estamos vivendo a crise dos combustíveis, com a economia americana em queda, embalando, ironicamente, uma linda história de amor. Em meio as descobertas pessoais, o protagonista Gary (Cooper Hoffman), de apenas 15 anos, se apaixona por Alana (Alana Haim), uma mulher já formada, porém insegura. Gary, pelo contrário, sempre viveu n

Flee (Crítica)

uol.com.br O diretor dinamarquês Jonas Poher Rasmussen, sem dúvida, é criativo. Em “Flee” , ele adapta uma história real, de um homem traumatizado com o seu passado, por meio de uma animação. Apesar de tratar de uma história real, o nome do protagonista é ocultado, por segurança. Apenas somos apresentados a um homem que decide contar suas memórias, mais precisamente para o que foi vivido em 1984, em Cabul, onde ele teve de passar por várias situações tensas. Desde sua descoberta sexual, em meio a fuga de seu país de origem, passando por inúmeras outras, em busca de um lar. Fica claro, desde o início, que temos aqui, uma história contada, por conta da amizade do diretor e do nosso protagonista. Ambos são amigos, há muito tempo. Amin (nome fictício apresentado), nosso protagonista, é um homem que está prestes a entrar no pós-doutorado, em Princeton, nos Estados Unidos, mas que nunca gostou muito de expor seu passado. Ele é um afegão, que mora, atualmente, na Dinamarca. A

Onde Eu Moro (Netflix) – Crítica

netflix.com Disponível na Netflix, o documentário “Onde Eu Moro” , apesar de americano, pode ser assimilado, facilmente, no Brasil. Ambientando em Los Angeles, somos inseridos no dia a dia de moradores de rua, que vivem em barracas de camping, em pleno céu aberto, nas ruas mais movimentadas da cidade. Ali, podemos sentir a realidade da desigualdade social. Como o próprio enredo diz, “você vive tranquilamente, enquanto há pessoas morrendo em sua porta”. Essa conexão com o Brasil não fica só na coincidência, a direção do documentário é do americano Jon Shenk e do brasileiro Pedro Kos. Aqui, a dupla não foca em criar alternativas para solucionar tal problema, mas sim alertar, por meio de exemplos concretos, o espectador, e convidá-lo a não ficar de braços cruzados para tal adversidade. Kos e Shenk buscam trazer a verdade à tona, nos transportando para a própria. O mais importante aqui é escutarmos nossos personagens, relatando um pouco sobre suas vidas, para entendermos melhor

Audible (Netflix) – Crítica

netflix.com “Audible” é um curta documental, disponível na Netflix, que acompanha a trajetória do atleta/estudante Amaree McKenstry, que frequenta uma Escola para Surdos, em Maryland, nos EUA, e, atualmente, enfrenta a pressão de terminar o colegial e precisar decidir seu futuro. Ele acaba utilizando, a princípio, como distração, o esporte, no caso, o futebol americano. Além do escapismo ajudar no dia a dia do colegial, ele se torna fundamental na vida de Amaree, pois seu lado emocional foi comprometido, após a perda de seu melhor amigo. Mais do que a trajetória de Amaree, “Audible” é a jornada de um grupo de adolescentes (os amigos de Amaree também aparecem, frequentemente), que mesmo com conflitos, nutrem a esperança de dias melhores, a partir dos estudos e do esporte. Indo por dentro dos detalhes, conhecemos melhor a Escola Maryland, onde nosso protagonista frequenta. Vemos que ela tem um papel fundamental, pois ali foi criado um ambiente seguro e acolhedor para esses

Três Canções Para Benazir (Netflix) – Crítica

netflix.com “Três Canções para Benazir” foi mais um dos indicados da Netflix para o Oscar 2022. Aqui temos um curta-documentário, que investiga, mais uma vez, uma narrativa no Oriente Médio, com o intuito de desconstruir seu estereótipo, construído pela visão estadunidense. A direção é do casal Gulistan e Elizabeth Mirzaei, que documenta a história de Shaista, um jovem afegão, que cuida de sua esposa grávida, ao mesmo tempo que sustenta sua família, vendendo tijolos. Ainda assim, ele nutre o sonho de se tornar soldado e servir o exército do Afeganistão. Por mais estranho que pareça, essa busca por ascensão social é o centro da trama, embora falte tempo para desenvolver tal jornada. Mesmo assim, o filme tem um foco. O centro de tudo está no jovem protagonista, que ainda que esteja num cenário pobre, tenta, a qualquer custo, achar uma saída para todas as suas adversidades. Adversidades essas como o fato de Shaista não ter estudado, muito menos tem um emprego fixo. O que mais

O Livro de Boba Fett (Disney+) – 1ª Temporada (Crítica)

tecmundo.com.br Para quem não acompanhou, de fato, “O Livro de Boba Fett” , em sua primeira temporada, não se surpreenda em saber que sua história foi demarcada em dois arcos. A aposta está em dividir a trama entre flashbacks, mostrando como o nosso protagonista, Boba Fett (Temuera Morrison), conseguiu sobreviver à sua queda no poço do Sarlacc, vista, anteriormente, em “Star Wars: Episódio VI - O Retorno de Jedi” , com os acontecimentos do presente, onde Fett conquista o trono de Mos Espa, uma cidade isolada, do planeta Tatooine. O problema maior não é nem essa divisão narrativa, mas a estética irregular que acompanha a série. Durante os flashbacks, a história ganha um tom de faroeste, apresentando Fett como um “Clint Eastwood”, que irá proteger um povo ameaçado. Nisso, a fotografia e o design de produção buscam sempre o realismo do deserto, mesmo se tratando de uma mitologia. O comando do projeto é de Robert Rodriguez, que apresenta uma jornada de máfia. “O Livro de Boba Fett”

A Sabiá Sabiazinha (Netflix) – Crítica

netflix.com Se você perceber, a janela entre dezembro e fevereiro, da Netflix, é recheada por filmes e séries que focam em transmitir uma sensação de conforto, para a família toda. Dentre essas produções, uma boa aposta é “A Sabiá Sabiazinha” , que inclusive foi indicada ao Oscar 2022, na categoria “Melhor Curta-Metragem de Animação”. A história, aqui, acontece durante uma noite chuvosa, onde um ovo despenca de seu ninho, no alto de uma árvore, após enfrentar uma ventania. Após rolar por alguns metros, ele acaba sendo encontrado por uma família de ratos. O ovo quando choca dá origem a uma Sabiá (Bronte Carmichael). Mesmo assim, Papai Rato (Adeel Akhtar) e seus filhinhos decidem criá-la, ensinando a ave a se comportar como um rato. O problema é que a Sabiá, por seu corpo, não consegue se mover como tal, o que acaba causando muita confusão. Contando com 32 minutos de duração, o curta aposta na inocência do seu público-alvo (infantil, no caso) e na alta qualidade técnica. A pr