Surpreendentemente, o Butão
conseguiu emplacar um finalista no Oscar 2022, na categoria “Melhor Filme
Internacional”. Ainda que tenha uma linguagem coloquial, “A Felicidade das Pequenas
Coisas” salteia os olhos, pela alta qualidade, vinda de uma país que ainda
engatinha na produção cinematográfica.
A cenografia, aqui, se une a
narrativa, envolvendo o espectador de imediato, procurando fazer com que questionemos
alguns valores sociais, de forma limpa e direta.
A direção do longa é do
estreante, Pawo Choyning Dorji. Ainda que sua narrativa seja didática, ele
atinge grande êxito, ao particularizar sua história. Sem glorificar a realidade,
apenas imergindo o espectador, aos poucos.
Desde o início, somos
convidados a acompanhar a jornada de Ugyen (Sherab Dorji), um jovem professor
que tem sua vida mudada por completo. Ele acaba de saber que precisará
abandonar seu próprio mundo, para trabalhar numa comunidade distante do centro,
onde a educação é, extremamente, precária. Apesar de sua trajetória não prezar
pela originalidade, fica de positivo, a maneira em que ela é colocada, de forma
suave e sem pressa.
Destaque para a montagem de
Hsiao-Yun Ku, que pega uma aventura simples, e encadeia todo o seu universo,
fazendo com que o protagonista precise reavaliar sua vida, por completo. Isso
tudo é transmitido por suas duas horas de duração, sem cansar, porque toda a
narrativa e as imagens são fluidas.
Dorji tem o objetivo, aqui,
de falar sobre o contraste entre a tradição e o moderno, o místico e o real.
Esse é o grande tema do filme.
Porém, apesar de transmitir
um grande sentimento de inserção, durante sua primeira metade, o filme não consegue
ir além. O terceiro ato não sabe o que entregar, e o fim é bem desconexo, com o
que acabamos de ver.
Ainda assim, apesar do final
abrupto e meio decepcionante, “A Felicidade das Pequenas Coisas” é honesto.
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