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Licorice Pizza (Crítica)

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O novo filme do diretor P. T. Anderson pode ser visto como uma homenagem as suas próprias memórias, em especial, a descoberta do amor, na sua adolescência, em San Fernando Valley, no norte de Hollywood. Ainda que “Licorice Pizza” pareça, com isso, apenas um romance simples, temos aqui inúmeras referências ao cinema clássico, num bonito tom de leveza.


O contexto também colabora com a força do projeto, já que essa produção se passa em 1973, e em relação com a filmografia do diretor, tratando tudo como um “Universo PTA”, estaria localizada em meados de “Boogie Nights” (1997), este ambientado entre os anos 70 e 80. Em “Licorice Pizza”, estamos vivendo a crise dos combustíveis, com a economia americana em queda, embalando, ironicamente, uma linda história de amor.


Em meio as descobertas pessoais, o protagonista Gary (Cooper Hoffman), de apenas 15 anos, se apaixona por Alana (Alana Haim), uma mulher já formada, porém insegura. Gary, pelo contrário, sempre viveu no mundo dos adultos. Esse contraponto entre idade e maturidade, que forma “Licorice Pizza”.


Voltamos aos anos 70, temos vários ingredientes da época, sendo explanados em tela. Há participações especiais, como por exemplo, de Sean Penn, vivendo o ator William Holden, que na época enfrentava enorme resistência de aceitar a transição que o cinema passava, saindo do mudo. Temos também Bradley Cooper, vivendo o cabeleireiro Jon Peters, que foi produtor e namorado da atriz Barbara Streisand.


Nisso, “Licorice Pizza” é um retrato da evolução do cinema. Vemos o nascimento da “Nova Hollywood”, onde a juventude começar a dominar a sétima arte (assemelhando-se ao começo de carreira do próprio diretor, PTA), ainda que em meio as dificuldades, impostas pela necessidade do amadurecimento.


No lado técnico, o filme é impecável. Apesar da narrativa cadenciada, ela envolve o espectador, pelo contexto. A fotografia, por exemplo, assinada pelo próprio Anderson, em parceria com Michael Bauman, insere o espectador na trama, enfatizando nosso papel, ao máximo. Como, em uma das falas de um dos personagens: "aqui eles se olham, enquanto Gary a idolatra e Alana, como de costume, o enxerga com desdém".


“Licorice Pizza” não é um filme transformador, porém é eficiente. Trazendo uma bonita história de amor, retratando o peso do amadurecimento, em volta a um cenário, aparentemente, bonito, mas conturbado.



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

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