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Nada de Novo no Front (Netflix) – Crítica

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Como diria o filósofo francês Jean-Paul Sartre: “Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem”. Partindo dessa visão mais perversa da Guerra, surge “Nada de Novo no Front”, filme alemão épico de guerra da Netflix.


Baseado no romance homônimo, de Erich Maria Remarque, o longa foca-se na história de Paul Baumer (Felix Kammerer), um jovem que acaba de chegar no exército alemão. Devoto fervoroso ao sentimento de patriotismo, ele nem imagina o que irá ter que passar, para que sobreviva, durante a Primeira Guerra Mundial.


Essa surpresa vem muito pelo fato de estarmos diante da primeira grande guerra. Ou seja, os soldados, até então, não possuía um mínimo de ideia do que enfrentariam pela frente, já que só se ouvia as “glórias”, relatadas por seus superiores.


Esse Ultranacionalismo, que é vendido, é posto, no filme, em todo o primeiro ato. Visivelmente em tela, a fotografia é esplêndida, focando no deslumbre de jovens sonhadores, que se veem diante a glória, que pensam em alcançar, após a batalha. Porém, esse devaneio cai por terra, quando a realidade é exposta, e confronta tanto nossos protagonistas, quanto o público, numa sensação de desnorte.


Desde o início da guerra, de fato, o filme cria, perfeitamente, toda atmosfera angustiante, que muda todo o sentimento de Baumer e seus colegas, ao decorrer do confronto.


A direção, do longa, fica por conta de Edward Berger (“Patrick Melrose”), que foca sua narrativa no soldado alemão, que vai perdendo a fé, aos poucos. Paralelamente, vemos também a jornada do político Matthias Erzberger (Daniel Brühl), que tenta finalizar o Armistício, para que consiga poupar o máximo de vidas possíveis, diante o confronto.


Embora não tenha a mesma força do plot principal, a trama envolvendo o Armistício cumpre o papel delegado, de retratar como as lideranças políticas, da época, só focavam na vitória, em total detrimento das fortes consequências impostas. Não importa quantas vidas lhe custarão.


Por se tratar de um tema tão denso, o longa aposta nesse sentimento angustiante, valorizando cada pequena vitória, durante a jornada. Soma-se isso, a opção por um ritmo mais lento, que denota uma maior sensação de tortura, para quem está por baixo.


Apesar de não inovar tanto, em termos do gênero, “Nada de Novo no Front”, ao menos acerta em cheio, no seu objetivo inicial, de retratar os conflitos internos, dos verdadeiros personagens de uma batalha. No fim, fica claro a mensagem de que a guerra, de fato, tem mais haver com as vidas perdidas, do que das “conquistas” realizadas.



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

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