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Quando vamos analisar qualquer obra, de algum artista específico, sempre devemos separar bem o que é repetição (comparando com os trabalhos anteriores), do que é da natureza do indivíduo, algo inerente da personalidade do autor. Vira problema quando o público, com o passar do tempo, vê que o artista cai na paródia de si mesmo, e não consegue se inovar, mesmo que mantenha um padrão temático.
Um diretor que, certamente, não sofre disso é Pedro Almodóvar. “Mães Paralelas”, seu novo longa, traz temas recorrentes, em sua filmografia, como a centralização do papel da mulher, a neurose humana e a linguagem novelesca. Soma-se isso a fotografia, de José Luis Alcaine, e a direção de arte, de Antxón Gómez, que retoma o senso teatral conhecido.
O diferencial de “Mães
Paralelas” é a boa cadência, na distribuição dos elementos e das
reviravoltas, onde permite ao espectador respirar e digerir todas as ações e as
consequências delas, para os personagens. Muito pode se dizer que essas viradas
são previsíveis, porém não interessa, o mais importante, aqui, é o que elas
irão gerar. A consequência é o relevante, não a causa.
Almodóvar, agora, conta a história
de Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit), que se conhecem na maternidade de
um hospital, num momento importante de suas vidas: elas estão prestes a darem à
luz. Apesar da diferença de idade, ambas as mães são bem parecidas, no fato das
duas não terem planejado a gravidez.
Elas também passam por um
momento delicado, em suas vidas. Ana não tem o apoio de seus pais, e Janis,
além da gravidez, precisa lutar contra a burocracia governamental, pois está em
meio a um processo, que luta para uma escavação, no terreno de seu bisavô,
morto pelo franquismo. Apesar de bem diferente do plot principal, o
final recompensa conectando os dois focos.
No fim, “Mães Paralelas”
recompensa, muito pelo estilo impresso, característico do diretor. Apesar da
vasta carreira de sucesso, Almodóvar, mais uma vez, mostra que ainda tem o que
dizer, e só nos resta, escutarmos.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)
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