mubicdn.net |
Indicar um filme de três
horas de duração é sempre algo complicado, até mesmo para aquele seu amigo
cinéfilo. Pior ainda, quando a proposta é feita em cima de um drama, com ritmo
lento, baseado apenas em diálogos. Porém, quem não quiser encarar “Drive My
Car”, saiba que perderá um ótimo passatempo.
Embora, o texto original, em
que o filme se baseia, escrito por Haruki Murakami, só tenha 40 páginas. Nisso,
a história se mostra, a princípio, bem simples. Começamos pela jornada de um
casal infeliz, que sofre o abalo de perder uma filha, e cada um deles responde
a isso, de uma forma.
O marido, Kafufu (Hidetoshi
Nishijima), decide se separar e focar na sua carreira como encenador, após ser
convidado para participar de um festival, numa cidade vizinha. Porém, surge um outro
problema: A seguradora do projeto obriga Kafufu a utilizar um motorista
particular, Watari (Tôko Miura), sendo proibido de dirigir. Isso é outro baque
para o nosso protagonista, já que ele usava o momento de dirigir, para se
concentrar nos seus textos.
A partir daí, Kafufu terá
que dividir seu tempo e espaço com alguém, durante todo o momento. Embora comece
resistente, ele percebe que essa mudança pode auxiliá-lo num melhor entendimento
do ser humano, podendo utilizar-se disso, dentro da sua própria metodologia de
direção de atores, para conviver melhor com o próximo.
Aos poucos, tanto no trajeto
de ida e volta ao trabalho, ele começa a se despir de suas camadas e ganha um
poder maior de reflexão, com os diálogos criados a partir de sua relação com Watari.
A maior força do filme, inclusive, está na simplicidade dessas conversas, onde
as interpretações são naturais e condizentes, com o que é pedido.
No lado técnico, destaque
para a fotografia de Hidetoshi Shinomiya, que prioriza ambientes fechados,
especialmente o carro do protagonista. Isso permite uma criação de maior
intimidade com o espectador. Além do carro, temos
apenas os sets de gravação da peça, o que faz com que o espectador perceba que
estamos diante de uma obra com um orçamento reduzido.
E mesmo que o filme seja
bastante denso, e exija muito do espectador, ainda assim, “Drive My Car”
é um trabalho forte e universal, que trata sobre temas importantes, como perda
e solidão, sendo “resolvidos” de maneira simples, mas eficiente.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)
Comentários
Postar um comentário