Pular para o conteúdo principal

Era Uma Vez Um Sonho (Netflix) - Crítica

observatoriodocinema.uol.com.br

Depois da Prime Video lançar “Borat 2: Fita de Cinema Seguinte”, em pleno ano eleitoral, temos o “outro lado da história” sendo contado, pela adaptação da obra de J.D. Vance, que também chega ao streaming.


Dando um contexto maior, para quem não sabe, “Era Uma Vez Um Sonho”, mais novo lançamento da Netflix, vem de um livro de memórias escrito por Vance, onde relata suas memórias, que podem ser, totalmente, relacionadas ao estilo de público, que elegeu Donald Trump a presidente dos EUA, em 2016. O “orgulho do interior”, algo muito característico do americano médio, pode ser visto de modo positivo ou negativo, dependendo da sua interpretação.


Esse tipo de abordagem não é tão incomum. Stephen King, por exemplo, utilizou-se, em diversas de suas obras, temas como alcoolismo, masculinidade tóxica, vícios e questões armamentistas.


Na história da vez, Vance não esconde como a sociedade conservadora, na qual conviveu, é responsável por parte de sua personalidade, mesmo que não seja a sua intenção. Um ponto positivo é que não há julgamento, a princípio, trata-se apenas de um “estudo social” do ser humano.


Porém, a mais nova adaptação pode ter escolhido o diretor errado. Ron Howard, que ficou bastante conhecido em “Uma Mente Brilhante” (2001), onde foi acusado de omitir alguns aspectos da vida/personalidade de John Nash, simplificando demais um personagem tão rico, está de volta. Além desse, exemplos como “Splash” (1984), “Grinch” (2020) e “Solo” (2018) reforçam uma dificuldade do diretor em dar um tom menos “esquizofrênico", em sua filmografia, não dando tanta clareza as suas histórias.


Mirando o Oscar 2021, “Era Uma Vez Um Sonho” aposta no clichê básico da premiação. Aqui temos maneirismos na atuação, maquiagem forte e diversas cenas de choro. O problema maior é quando você traz isso para uma história real. Não há nada de errado em seguir essa cartilha, porém esses aspectos acabam pesando negativamente, pois soa falso e descredita muito, na visão do espectador para a história real.


Cercado de sensacionalismo, o filme abusa de “flashbacks”, estilo vai e volta, para mostrar a adolescência de J.D. (Owen Asztalos/Gabriel Basso). Outro problema está na incoerência do texto. Logo no início, J.D. nos conta que sua infância, no campo, foi algo precioso, e que sente saudades. Porém, tudo o que é mostrado, a partir daí, são agressões e humilhações que o menino sofre. Isso é levado até o final do filme, sem nenhuma reviravolta.


E nem mesmo as boas atuações de Amy Adams, como mãe do garoto, e Glenn Close, como vó, salvam um roteiro tão pobre.


“Era Uma Vez Um Sonho” é um “dramalhão” sentimentalista, que fica pedindo, ao extremo, que o espectador se compadeça da história, sem ao menos se esforçar na construção de uma trama convincente.


Entretanto, preciso reforçar que o problema não está na obra de Vance, mas sim na adaptação de Ron Howard. O saldo é triste!



Nota: 🌟🌟 (Ruim)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Arremessando Alto (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Embora tenha sucesso, de público diga se passagem, nas comédias, o ator Adam Sandler já não causa mais surpresa quando aposta em projetos mais dramáticos. Aliás, essas escolhas, geralmente, são acertadas. Ele já trabalhou com diretores do alto gabarito, como Paul Thomas Anderson ( “Embriagado de Amor” ), os Irmãos Safdie ( “Joias Brutas” ), Noah Baumbach ( “Os Meyerowitz” ), Jason Reitman ( “Homens, Mulheres e Filhos” ). Todos esses exemplos, longe da sua produtora, Happy Madison . Apesar da desconfiança, “Arremessando Alto” pode ser a exceção que confirma a regra, de que Sandler “não dá certo” produzindo e atuando, ao mesmo tempo. O filme, recém-lançado, na Netflix, traz um Adam Sandler mais próximo do real, já que o ator é um fã confesso de basquete. “Arremessando Alto” é dirigido por Jeremiah Zagar ( “We The Animals” ), e traz Sandler na pele de Stanley Surgerman, um olheiro do Philadelphia 76ers, tradicional clube da NBA, a principal Liga de Basquete Am

Continência ao Amor (Netflix) – Crítica

tecmundo.com.br “ Continência ao Amor” , sem dúvida, pelo menos, em termos de popularidade, é um dos maiores sucessos da Netflix, no ano. Liderando por semanas, em visualizações, o filme é do gênero romance, e apela para tropes básicos como: um casal formado por opostos, inicialmente precisando fingir um relacionamento, porém desenvolvendo maiores sentimentos. A direção é comandada por Elizabeth Allen Rosenbaum, experiente em produções focadas no público jovem. Aqui, ela, pela primeira vez, tenta trazer uma obra, um pouco, mais dramática, enquanto equilibra uma série de clichês. Embora tenha até êxito nisso, a primeiro momento, os desdobramentos, desse aspecto mais sério, não acompanham a narrativa. Na trama, em si, conhecemos Cassie (Sofia Carson), uma jovem latina e liberal, que encontra Luke (Nicholas Galitzine), um rapaz militar e conservador, que possui uma relação distante com seu pai. No sentido de apresentação de seus personagens, até que o filme funciona. O bás

Ghostbusters: Mais Além (Crítica)

cinepop.com.br Mais do que fantasmas, os cinéfilos tinham medo eram das continuações de “Caça-Fantasmas” (1984), que no filme original era estrelado por Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Erine Hudson, com direção de Ivan Retiman.   Depois de tantas decepções, em suas sequências, será que precisaríamos de mais uma? A Sony acreditava que sim, e lançou “Ghostbusters: Mais Além” , que tenta homenagear o original, mas também seguir em frente, como o possível início de novas aventuras.   Na trama da vez, iniciamos com uma mãe viúva e seus dois filhos sendo obrigados a se mudarem, para uma casa isolada, no interior. Localizada na fazenda do avô das crianças, se descobre que o local possui uma ligação com o Universo dos Caças-Fantasmas.   A direção de “Ghostbusters: Mais Além” fica a cargo de Jason Reitman, filho do diretor dos originais, que recebe a incumbência de retomar a franquia do pai. Embora pareça apenas uma escolha pelo parentesco, é importante ressaltar que ele vem de traba