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À primeira vista, a história
de “O Tigre Branco” parece ser batida. Um garoto pobre, que vive na Índia,
consegue superar as adversidades de vida e se torna rico, algo meio “Quem
Quer Ser um Milionário?” (2008). Porém, somente o sonho de melhorar de vida
e o uso de flashbacks são os únicos elementos que unem os dois longas.
Aqui, “O Tigre Branco”
funciona melhor como um contraponto ao filme de Danny Boyle. Isso é dito,
literalmente, em texto, quando uma narração inicial nos fala: “Não acredite nem por um segundo que há um jogo
milionário de perguntas e respostas que você pode ganhar para poder sair daqui”.
A história parte do
meio, onde sem conhecermos, muito bem, temos três personagens num carro, em
alta velocidade. O protagonista está dirigindo, ao mesmo tempo que tenta
controlar sua patroa, que está alcoolizada. E nesse meio tempo, em questão de
segundos, uma criança atravessa a rua, e na distração de todos do carro, ocorre
um acidente.
Há uma passagem de tempo
e vemos Balram (Adarsh Gourav), um homem rico, que vive
como empreendedor e que nos começa a contar sobre sua infância pobre, numa pequena
cidade, que acaba abandonando, em busca de uma vida melhor. Ganancioso, ele
começa a tentar escalar socialmente, a partir do momento em que consegue seu
primeiro emprego: Motorista de uma família mafiosa.
O diretor do longa aposta
em criar uma expectativa de descobrir a reviravolta da história, jogando nesse
vai e vem do “passado pobre” do protagonista com o “presente rico”. E por mais
que haja muito do caricatural nos personagens, as passagens são dinâmicas.
O grande trunfo de “O Tigre Branco” está nas relações entre os
personagens, muito por conta de suas condições sociais. Assim, ficamos confusos
se o protagonista, mesmo pobre e humilhado, tem o direito de cometer tantas
atrocidades. O longa te convida a ser testemunha/cúmplice dos golpes
executados. Ressaltando, que tudo isso não seria possível sem a grande atuação
de Gourav, que pode-lhe render indicações.
Do lado técnico, chama a
atenção a fotografia. O longa brinca com a luz, dando claridade aos momentos de
riqueza, e escuridão aos de pobreza extrema, não só no sentido financeiro, mas
também de humanidade.
“O Tigre Branco” trata-se de um filme extremamente desconfortável, porém
ainda sim fantástico. Mas a vida, muitas vezes, não é definida assim?
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