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Estados Unidos vs. Billie Holiday (Prime Video) - Crítica

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O Cinema americano sempre adorou retratar seus ícones. Desde sempre, as cinebiografias dominaram grande parte do espaço de suas produções, aliada ao gosto popular. Em meio disso, o diretor Lee Daniels decide trazer a história de uma das maiores divas do Blues, Billie Holiday.


Entretanto, ao invés da narrativa convencional, o filme aposta em focar apenas nos últimos dez anos de vida da artista, em plena década de 50, onde, nos Estados Unidos, ferve as discussões sobre segregação e racismo. Naquele momento, apesar da maioria da comunidade negra não ter todos os direitos garantidos, alguns de seus membros eram louvados a ídolos, tendo uma posição um pouco melhor, devido a sua produção cultural.


Nesse aspecto, muitos deles tiveram que viver o dilema de não saber se no dia seguinte seriam aclamados, ou apenas descartados e linchados, em praça pública.


Aqui, como já mencionado, o espectador é convidado a retornar aos anos 50, para acompanhar o ápice e o declínio da estrela: Billie Holiday (Andra Day). Dona de uma voz aveludada, que provocava um ritmo, ao mesmo tempo, melancólico, porém, envolvente.


No filme, Day brilha ao carregar consigo os dilemas da protagonista, que precisava se manter firme, em meio ao vício em álcool e drogas. Além do mais, vivia em um casamento frustrado, que, inclusive, lhe rendeu prejuízos financeiros.


Porém, nada disso é maior que o conflito principal da história. A cantora começou a ser perseguida pelo FBI, por conta de uma canção sua, intitulada “Strange Fruit”. Logo aquela em que Holiday se inspirou, para combater a violência e o racismo sofridos pela comunidade afro-americana, em meados dos anos 50.


Embora seja louvável, o filme retornar essa história, a direção de Lee Daniels pesa a mão, em certos momentos. Além de nunca conseguir tornar Billie um destaque, como merecia, o filme foca bastante na vida pessoal/amorosa da personagem, e pouco na real força da história, que, inclusive, dá título ao filme, sua batalha contra o governo americano.


O roteiro de Suzan-Lori Parks ainda prejudica mais. Pois, apesar de tentar trazer o lado mais humano da protagonista, sua posição de vítima é levada ao extremo. O que seria até pior, senão fosse a bela participação de sua intérprete.


Além de Andra Day, a fotografia de Andrew Dunn também merece destaque. Ele consegue captar o lado vivo da protagonista, principalmente nas suas apresentações, auxiliando no emocional da protagonista. Soma-se isso, a direção de arte detalhista de Félix Larivière-Charron e o figurino de Paolo Nieddu.


Porém, todos esses destaques são reduzidos pela direção e montagem confusa, que não faz jus ao talento da homenageada. Menos de Lee Daniels e mais de Bille Holiday era o que esse filme precisava.



Nota: ⭐⭐⭐ (Ok)

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