Pular para o conteúdo principal

Duna (2021) – Crítica

youtube.com

Denis Villeneuve, apesar de seus detratores, é um diretor de carreira impecável, pelo menos para os críticos. Isso pode ser bem exemplificado pela bela filmografia, que conta com “Os Suspeitos” (2013), “Sicario: Terra de Ninguém” (2015), “A Chegada” (2016) e “Blade Runner 2049” (2017). Mas nada disso pode ser comparado, pelo menos em termos de aposta, como a sua adaptação de “Duna”, da obra original de Frank Herbert.


O filme da vez traz as telonas a grande história de Herbert, que pode se dizer que moldou a Ficção Científica, a partir de 1965, data de seu lançamento, e deu origem a vários “filhos”, entre eles “Star Wars”, por exemplo.


Porém seu ritmo cadenciado, no livro, era a grande expectativa do longa da vez, em aliar um cineasta inovador a uma obra que precisava de rapidez, pelo menos na sua adaptação.


Mesmo não funcionando completamente, ainda assim, o longa tem suas qualidades. O primeiro ato apresenta bem seu plot, onde conhecemos Duke Leto Atreides (Oscar Isaac), o novo governante do planeta Arrakis, também chamado de Duna, lugar em que todo o Universo visita, em busca de uma especiaria rara, chamada Melange.


Dentro desse contexto, vemos a influencia tanto positiva, quanto negativa, da família Atreides, na região. Negativa pela inveja gerada a outras famílias, em meio a um conturbado jogo político.


Encabeçando essa lista de “inimigos”, temos o Barão Vladimir Harkonnen (Stellan Skarsgard), primo de Leto Atreides, que está organizando um golpe de estado, para tomar o trono. Entretanto, todo esse seu background é mais conhecido para quem é conhecedor da obra, já que o filme não o explora muito.


Mas voltando aos acertos, felizmente, a família Atreides é bem colocada. A começar pelo filme sempre situar o filho de Leto, Paul Atreides (Timothée Chalamet), como o centro de tudo, em volta de uma profecia, que o garante como o salvador. Para ajudá-lo em cena, temos sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), que atrela o misticismo a trama, em meio ao peso de sua responsabilidade por ter dado luz ao “Messias”.


Desde sua divulgação, o diretor Denis Villeneuve sempre reforçou que essa seria a primeira etapa de uma grande jornada, focando apenas no capítulo inicial da obra original. Isso faz com que o filme se resuma apenas a apresentação do cenário e dos personagens, mesmo que foque bastante no seu verdadeiro protagonista: Timothée Chalamet.


O ator, em ascensão na carreira, implementa camadas interessantes no seu personagem. Seu talento, aqui, é visto, muito pelo seu mergulho pessoal em Paul Atreides, revelando dores particulares e o peso nos seus ombros. Chalamet se mostra como a escolha perfeita para Paul.


Além dele, o elenco também conta com outros talentos. Mesmo com pouco tempo de cena, cada um mostra força na atuação. Destaque para Oscar Isaac e Rebecca Ferguson que brilham, como os pais/mentores de Paul.


Nos aspectos técnicos, nada a se reclamar. A fotografia de Greig Fraser é impecável e o design de produção de Patrice Vermette é 100% fiel a obra original. A trilha sonora, não precisa nem comentar, pois Hans Zimmer, mais uma vez, brilha.


Entretanto, volta o grande problema do filme, em não aliar essa técnica apurada com um desenvolvimento de arco condizente. O roteiro, que talvez seja o principal, também escrito por Villeneuve, até cria a atmosfera épica pedida, porém o ritmo é muito cadenciado, e não imerge, completamente, o espectador. A sensação de não está indo a lugar algum prejudica a experiência.


No geral, “Duna” é um filme inesquecível, e Villeneuve mantém o bom nível de sua carreira, porém seu ritmo frusta, o que não era o ideal para uma obra tão rica.



Nota: ⭐⭐⭐ (Ok)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marcas da Maldição (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Mais de vinte anos, após a estreia de “A Bruxa de Blair” (1999), maior sucesso do gênero Terror com câmera na mão, a Netflix traz um novo filme com essa abordagem. O principal chamariz, para o longa dos anos 90, era a inauguração da onda de focar no uso de fitas abandonadas, com imagens de florestas assustador a s, onde habit avam maldições. Tentando retomar essa “ vibe” antiga, o diretor Kevin Ko lança seu “Marcas da Maldição” . O cineasta já é bastante conhecido, pelo talento de proporcionar “bons sustos” e criar uma atmosfera crescente, a partir de suas imagens. Em tela, é apresentado um ciclo, composto por pessoas curiosas, que se aproximam de lugares proibitivos, que acabam gerando situações amedrontadoras, como consequência as mesmas. Aqui, temos um grupo que tenta desmascarar casos sobrenaturais, para seu canal, no Youtube. Porém, eles acabam se envolvendo num ritual real, morrem e sobra apenas uma jovem mãe (Hsuan-yen Tsai), dos integrantes . ...

A Família Addams 2: Pé na Estrada (Crítica)

loucosporfilmes.net Só começar a música, que todos já começam a estalar os dedos. Nesse ritmo, chega, até nós, a sequência da animação de “A Família Addams” (2019), muito pelo sucesso desta primeira produção. Porém, o fator pandemia atrapalhou a MGM e Universal Pictures, na divulgação do longa. Mesmo depois de muita espera, “A Família Addams 2: Pé na Estrada” conseguiu chegar aos cinemas, e, infelizmente, não passa nem perto, em termos de qualidade, de seu antecessor. A aposta da vez foi colocar nossa adorável família viajando, pelos Estados Unidos. Pena, que toda essa tentativa de road movie familiar não tenha nada de memorável. Apesar de bons momentos, se pegos isolados, tudo fica inserido num grande remendo. Ao final da história, fica a sensação de que o trio de roteiristas (Dan Hernandez, Benji Samit e Ben Queen) achou que apenas a força de seus personagens já iria satisfazer o espectador. A principal característica da franquia, sem dúvida, é de colocar seus protag...

Beckett (Netflix) – Crítica

aodisseia.com Um velho artifício para se produzir uma história, que prenda o espectador do início ao fim, é escolher uma trama que envolva paranoia e teorias da conspiração. Nessa “vibe”, a Netflix aposta em “Beckett” , um thriller que promete. Beckett é o nome do protagonista, interpretado por John David Washington ( “Infiltrado na Klan” ), que está de férias com a namorada, April (Alicia Vikander), em Atenas, na Grécia. Durante a hospedagem, em um hotel, eles ficam sabendo de um protesto, que irá ocorrer próximo, e então decidem viajar, de carro, para o interior. Porém, durante o trajeto, o casal sofre um acidente. Beckett perde a esposa e ele acaba vendo um menino ruivo, antes de desacordar. Depois de ser resgatado, Beckett se vê caçado, sem saber o porquê, e precisa lutar para chegar à embaixada americana, em Atenas. A direção de “Beckett” é comandada por Ferdinando Cito Filomarino, e possui dois grandes arcos. O primeiro foca mais nas férias felizes do casal protagoni...