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Identidade (Netflix) – Crítica

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Embora seja natural do ser humano, a necessidade de pertencimento, em exagero, pode provocar crises existenciais preocupantes. Essa questão ampliada num mundo passado, onde se vivia um Apartheid Social, acabou sendo a inspiração para “Identidade”, novo longa da Netflix.


Aqui temos um drama racial, que traz a jornada de duas mulheres negras, no centro da narrativa, onde cada uma delas tem uma perspectiva diferente sobre o racismo estrutural, apesar de ambas sofrerem na busca de sua identidade, inserida num mundo de preconceito velado.


Rebecca Hall estreia na direção. Ela é mais conhecida por seus trabalhos como atriz, mas aqui, além de diretora, assina também o roteiro. Hall nos convida a se ambientar nos Anos 20, trazendo também a ótica do cinema da época. Aqui, temos a conhecida fotografia preta e branca, que dá ao longa a suavidade necessária, ao contexto.


Soma-se a bela fotografia, as belas atuações das protagonistas, Tessa Thompson e Ruth Negga. Elas trazem o entrosamento pedido, já que temos aqui duas mulheres, amigas no passado, que acabam se reencontrando. Esse elogio se expande ainda mais, quando ambas imprimem bem o conflito entre suas personagens, proveniente da influência afro-americana do subúrbio, e a outra incorpora a mulher que teve que se “disfarçar” de parda, para enganar seu esposo (Alexander Skarsgard).


Kendry (Negga) vive num universo racista e, no pensamento dela, precisa se adaptar. Assim, torna-se um conflito, quando a rever a amiga, que lhe mostra que sua vida pode se tratar de uma grande mentira.


“Identidade” é mais que um filme que discute racismo, ele também pode ser caracterizado por um estudo de personagem, que nos mostra diferentes perspectivas para uma determinada adversidade.


Talvez o único problema da produção está no seu ritmo. Apesar de ser um Thriller, e consequentemente pedir uma cadência maior, o enredo, em certos momentos, cai na morosidade excessiva.


Porém, ainda sim, “Identidade” acerta no desenvolvimento de sua trama, criando conflitos poderosos. E isso já foi um grande acerto.



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

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