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“O Golpista do Tinder”, documentário Netflix, já começa chutando portas, ao mesclar trechos de filmes de princesas, da Disney, com depoimentos de mulheres vítimas de um estelionatário. Logo em seguida, vemos Cecillie Fjelhoy descrevendo um encontro, aparentemente encantador, que teve com Simon Leviev, tal criminoso.
Tudo isso é colocado, de início, pela diretora, Felicity Moris, para que possamos perceber como o amor pode, muitas vezes, fazer com que a pessoa ignore sinais básicos, em virtude do romance idealizado. Moris estreia na direção, após ter trabalhado, por muito tempo, como produtora. E sua escolha é importantíssima, pois só o olhar feminino seria capaz de compreender, de maneira cuidadosa, a vulnerabilidade das mulheres, que foram enganadas por um manipulador.
A direção acerta em cheio, ao sempre ressaltar que Cecile, Pernilla e Ayleen, nossas protagonistas, não possuem culpa de nada. E isso fica mais óbvio ainda, quando elas são as responsáveis pelas rédeas que o documentário tomará. Essas mulheres são fundamentais para alertar outras, que possam viver tais situações semelhantes.
E voltando as referências relativas as princesas, fica muito claro a parcela de culpa que o imaginário popular tem, na oportunidade de pessoas, como Simon Leviev, aparecerem, andando por aí.
Indo para a narrativa, propriamente dita, do documentário, tudo é colocado como uma ficção, para que o espectador seja capturado de imediato, e se envolva mais com seus personagens. Para aí sim, começar a mensagem de alerta. E fica ainda melhor, quando a diretora escolhe focar mais nas vítimas, do que no golpista. Assim a sensação de empatia vem, de forma, mais rápida e direta.
Talvez, o único problema, que isso causa a produção, seja a falta de tempo dado a investigação em si, pelo lado dos jornalistas e da polícia, que apenas participam em momentos chave.
Porém, ainda que o documentário peque na organização dos eventos, a história envolve. Muito também graças a Cecilie e Pernilla, que sabem contar todos os detalhes do caso, de maneira fluida e até, quem diria, com pequenas doses de humor e simpatia. Melhor ainda, quando o documentário chega em seu ápice, nas revelações, que as particularidades do caso aumentam, de forma categórica.
Para encerrar, a produção ainda presenteia o espectador, ao lhe dar a sensação de vingança. Toda a meia hora final, foca-se na terceira vítima, Ayleen, que decide contra-atacar. Essa catarse, gerada pela armadilha montada pela vítima, contra o farsante, só atinge o êxito, pelo contexto já estabelecido.
Importante ressaltar, que a diretora Felicity Moris não condena o uso de tais plataformas, como o Tinder. Tanto que o último frame do documentário é composto pelos sorrisos de Cecilie, Ayleen e Pernilla, que representam a esperança do trio de, ainda, encontrar seu príncipe.
Assim, “O Golpista do Tinder” não quer desencorajar a procura do espectador, por sua alma gêmea. Apenas alertá-lo dos perigos, que circundam todo o cenário.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)
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