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Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo (Crítica)

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Apesar de, a primeira vista, o título pareça estranho, ele é, perfeitamente, a melhor definição para o que teremos em tela. Além do Multiverso, tema central usado na sua propaganda, “Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo” se aventura por inúmeros gêneros, referenciando clássicos, e provocando diversas sensações ao espectador. Surpreendentemente, num Universo dominado pelas franquias de Super-Heróis, temos aqui o melhor filme, que explora Multiverso, do século, até aqui.


Embora o conceito seja fora da realidade, sua formação é toda dedicada a gerar reflexões sobre a vida, principalmente, ao que envolve questões familiares. Nos divertindo, mas também nos emocionando, em 2h19 de duração.


A apresentação da premissa é posta de forma cadenciada, o que pode irritar, principalmente, aqueles que já estão habituados com o tema. O primeiro ato, por si só, apenas foca em explicar quem é Evelyn Wang (Michelle Yeoh), e sua família.


Nossa protagonista está passando por um momento delicado. Ela é dona de uma lavandeira, que está com dificuldade em quitar seus impostos. Ao mesmo tempo, que não nutre boa relação com sua família. Sua filha está namorando, contra sua aprovação, e seu esposo quer o divórcio.


Tudo muda, quando no prédio da Receita Federal, ela é abordada por uma versão alternativa do marido, Waymond (Ke Huy Quan), que lhe convida para uma aventura. Assim, ela descobre que está inserida dentro de um Multiverso, e sua versão de si mesma é a única capaz de derrotar Jobu Tupaki, um ser poderoso, que tem o objetivo de destruir todas as realidades.


Com o plot posto em jogo, somos apresentados a inúmeras sequências inventivas. Acompanhamos, de perto, toda a saga de descoberta de Evelyn, que vai também ganhando novas habilidades e desafios, proporcionados por outras variantes suas, espalhadas pelo Multiverso.


Aqui, ao contrário, do que estamos acostumados, em se tratar desse assunto, não há muito “pé no chão”. Tudo é meio bizarro, e isso faz jus a narrativa, pois é explicado desde o início, de que nossa forma de pensar e agir, trata-se apenas do Universo, que somos habitantes. Isso cria inúmeras realidades variadas, que são construídas a partir das simples escolhas de Evelyn.


O mais incrível é que cada plano bizarro mostrado faz sentido, para a narrativa avançar. Tudo tem impacto e importância para a história. Trata-se de uma amálgamas de situações, algumas plausíveis e outras não, mas que juntas dão muito certo. E mais surpreendente ainda, é que toda essa criatividade é posta em um limite orçamentário.


Elogio também para a montagem. Tudo é encaixado de forma organizada, onde o texto é inserido de forma criteriosa. Se você tira uma peça da equação, tudo desmorona, tamanho é a dedicação vista aqui.


Além do por trás das câmeras, não podemos de deixar de ressaltar o elenco. Michelle Yeoh é carismática e vende, perfeitamente, o deslumbre de sua personagem a cada nova descoberta. Stephanie Hsu traz o lado pessimista importante para sua personagem, e Ke Huy Quan (o eterno Data, de “Os Goonies”) mescla o humor e o drama, lindamente.


E ao final, a mensagem de “Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo”, que fica, é o reconhecimento da felicidade, pela protagonista, nas pequenas coisas, mesmo que o destino, não seja aquele buscado, inicialmente.


PS: E fica a dica para Marvel, DC, ou outra produtora, que esteja explorando Multiverso, de que o mais importante é a jornada pessoal, antes mesmo do “Fan Service”.



Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐ (Excelente)

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