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Se tem alguma coisa, que não se pode reclamar de “Cobra Kai”, é de que a série, em qualquer momento, tenha prometido algo e não cumprido. Diga-se isso, muito pelo seu lado brega, presente desde a primeira temporada. A trama é recheada de situações absurdas e exageradas, aceitas só pelo carisma de seus personagens. E a quinta temporada não poderia ser diferente.
Sua estrutura narrativa é a mesma dos anos anteriores, se mantendo na velha zona de conforto, com desfechos óbvios e sem muita criatividade. Apesar de já prevermos, sem muita dificuldade, o fim de tudo, o que vale mais é a jornada, quase sempre empolgante, de seus personagens. Trata-se de um “novelão”, tanto no aspecto negativo, quanto positivo do termo. Esse último, pelo fácil envolvimento do espectador, no simples confronto entre o bem contra o mal.
As linhas de diálogo não contam com um nível de sofisticação, porém o elenco as entrega de maneira simpática, nos rendendo momentos cômicos. William Zabka, novamente, domina o ambiente, com seu Johnny Lawrence, agora sem as amarras da rivalidade, antes vista com Daniel LaRusso (Ralph Macchio). O vilão da vez fica a cargo de Terry Silver (Thomas Ian Griffith), que beira ao caricato, porém inserido numa trama válida, para esse tipo de abordagem.
Se acerta no núcleo principal, o mesmo não vale para o redor. Miguel (Xolo Maridueña), que começou a série como protagonista, tem seu espaço, cada vez mais, reduzido.
Pouco tempo de tela também para Mary Mouser e Vanessa Rubio, que possuem jornadas interessantes, em suas personagens, a primeiro momento, mas não desenvolvidas. Em compensação, os roteiristas dão mais espaço para Ray, interpretado por Paul Walter Hauser.
Esse último, vale um destaque. Temos, aqui, um grande desperdício de talento. Hauser coleciona grandes trabalhos, em sua carreira cinematográfica, como em “Eu, Tonya” (2017), “Infiltrado na Klan” (2018) e “O Caso Richard Jewell” (2019), só pra citar três. Porém, o seu “Arraia”, visto aqui, tem um humor exagerado, e, absolutamente, sem graça.
Grande chamariz da série, as lutas evoluem, nessa temporada. Neste quinto ano, é incorporado o uso de objetos, como sabres e facas, em diversos cenários, criando brigas inventivas. Ainda que conte uma edição acelerada, a coreografia é bem-feita.
Cercado de altos e baixos, “Cobra Kai” vai sentindo um sinal de esgotamento da fórmula. A galhofa, olhada a primeira vista, até que entretém, mas ao longo de cinco temporadas, necessitava de uma maior evolução.
Apesar de se mostrar um produto aceitável, nessa temporada, fica a dúvida: Ainda há folego para mais uma? Ou a série já é melhor ser encerrada, “sem compaixão”?
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