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No Portal da Eternidade (Crítica)

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Contar a vida de um artista famoso na tela do cinema parece ser algo muito simples, já que a história do mesmo está pronta em sua biografia. Mas nem todo personagem é digno de nos prender a um filme completo. Ele precisa ter uma particularidade, que nos mova do início ao fim. E “No Portal da Eternidade”, longa biográfico sobre a carreira do pintor Vincent Van Gogh, cumpre bem esse papel, já que o protagonista possui uma mente bastante peculiar.

O diretor, Julian Schnabel, então, resolve apostar em um tipo de narrativa mais crua e depressiva, utilizando-se bastante da técnica da câmera na mão. Tudo é muito sutil, e caminha de acordo com a emoção do personagem que está em cena. Pode causar certo estranhamento do público em geral que irá consumir o filme, o fato de o diretor abusar dos cortes, que em certo nível acaba causando uma quebra no ritmo da narrativa. Mas tudo isso acaba não atrapalhando, por se tratar de um filme sobre a vida de Van Gogh.

Essa distorção só sai da tela quando o diretor mostra a ação do artista durante suas criações. Mas toda essa complexidade na maneira de filmar não teria o menor efeito, se não tivéssemos o desempenho exuberante de Willem Dafoe.

É ele quem prende a atenção do espectador e leva o filme nas costas. Dafoe consegue trazer a instabilidade nas emoções do artista, com uma sensibilidade única.

Outro elogio para o filme é que ele, em momento algum, apela para o sentimentalismo barato, com intuito de fazer quem está vendo chorar e sentir pena do protagonista. Na verdade, a intenção é fazer com que o espectador se coloque no lugar de Van Gogh. A empatia é o fator fundamental para que quem esteja vendo consiga embarcar na história.

Simplesmente um filme bastante humano.


Classificação: Bom (4 de 5 estrelas)

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