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Capitã Marvel (Crítica)

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“Capitã Marvel” tinha uma árdua missão, pois precisava convencer o público e a crítica, tendo a sua sombra o aclamado “Mulher Maravilha” (2017). Embora a comparação desfavoreça um pouco a produção da Marvel, o fato desse filme vir depois, funcionou como um aval de que sua aposta futura, em um longa protagonizado por uma heroína, poderia dar certo. A única questão pendente era se Brie Larson, protagonizando “Capitã Marvel”, teria o mesmo carisma que Gal Gadot teve estrelando “Mulher Maravilha”.

Mas focando em “Capitã Marvel”, que é o que interessa, temos a história de uma cidadã Kree, chamada Vers (Brie Larson), que possui lapsos de memória de uma vida, até então desconhecida, somado ao sentimento de poderes incontroláveis. Além disso, Vers precisa treinar arduamente para defender seu povo. Nisso, em uma de suas missões pelo espaço, ela acaba sendo raptada por uma raça alienígena adversária, os Skrulls, que acabam modificando sua mente e o forçam a viajar para a Terra, em busca de respostas.

O primeiro ato procura focar, a maior parte do tempo, no espaço. Entretanto, o mesmo sofre pela auto explicação excessiva, fazendo com que o filme só engrene de verdade quando vai para o planeta Terra, onde Samuel L. Jackson, como Nick Fury, entra em cena e mostra por que se trata de um dos maiores atores da história do cinema.

Jackson vai bem ao lado de Brie Larson. A dupla funciona como se estivéssemos em uma comédia de dupla, onde Jackson fica com o lado humorístico e Larson faz a escada.

Além de Jackson, outro grande acerto do filme foi mostrar uma história com viés bastante empoderador, buscando, apesar de não conseguir igualar, uma espécie da “vibe” afirmativa, já vista em “Pantera Negra” (2018). Aqui, o papel feminino é visto como algo que não se incomoda com que a sociedade o impõe, sem se quer pensar nisso.

Voltando aos problemas do longa, temos uma direção bastante superficial, somado ao um roteiro bastante redondo, apesar de uma reviravolta no segundo ato. Isso é visto pelas situações vazias e sem criatividade na maioria das cenas. Poucos momentos levam a empolgação do público de verdade.

Outro problema recorrente nos filmes dos heróis solo na Marvel volta à tona. O CGI, assim como em “Pantera Negra”, é extremamente pobre. As cenas em que a heroína usa máscara é preciso um esforço gigantesco, para que se consiga enxergar o rosto de Larson ali.

E sobre atuação de Larson, temos talvez a maior decepção do filme. Ela, apesar de ser uma atriz muito boa, não parece em momento algum confortável no papel. Talvez até por estar mais acostumada a dramas e filmes de menor orçamento, e isso faz com que o personagem perca um pouco do carisma visto nos quadrinhos.

Resumindo, “Capitã Marvel” trata-se de um filme comum, de origem do MCU. E isso não é um demérito. Vemos ali um gato fofo e engraçado, um Samuel L. Jackson, talvez em sua melhor interpretação como Nick Fury, e uma mulher extremamente poderosa tentando se mostrar pra que veio. O longa tem seus problemas, mas nada tão decepcionante que manche a história da personagem nos quadrinhos.

Apesar de tratar-se de um filme protocolar, uma das duas cenas pós-créditos é compensadora. Por isso, fique até o final. Vale a pena.


Classificação: Regular (3 de 5 estrelas)

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