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O projeto da Disney, em relançar refilmagens de suas animações, chegou ao desafio mais complicado,
refazer “O Rei Leão”, filme de 1994, que volta agora, numa versão mais
realista. Não que seja complicado trocar o elenco, ou até mesmo, remontar o
texto. De acordo com o mundo em que vivemos, isso tudo é periférico. O mais
difícil, sem dúvida, era manter a expressividade emocional dos personagens,
principalmente, por se tratar de uma obra baseada no sentimental e na
caricatura.
Em “Mogli: O Menino Lobo” (2016),
que também contava com Jon Favreau, na direção, a presença de um personagem
humano ajudava nesse preenchimento das emoções, sustentando elementos
dramáticos, em volta da beleza fotográfica. Já em “O Rei Leão”, como o
elenco todo é composto por animais, a transição é mais complicada.
A falta de expressividade dos
personagens prejudica muito na narrativa. Até mesmo por isso, Favreau explora até
mais, em comparação com o projeto anterior, no deslumbre da natureza. O uso de “travelings” se encaixam bem na
vista da paisagem.
Entretanto, essa beleza não
consegue levar um filme por completo. O texto parece sem coragem, mudando muito
pouco. E o pior, nessas poucas mudanças é que a obra consegue o frescor
necessário, o que poderia ser mais explorado. Vide o momento onde Simba questiona
se o Reino será seu no futuro, e Mufasa retruca, respondendo que o Reino é uma
responsabilidade, não uma posse. Mas isso é apenas uma fuga, não tão explorada,
que não consegue amenizar os problemas relativos à falta de expressividade dos
personagens, visto em todo o filme.
Os únicos que conseguem ainda
manter sua caricatura clássica são Timão e Pumba, que pelo já conhecido tom
mais cômico, ainda dão um respiro. E por esse respiro e acerto da dupla, que os
outros personagens decepcionam tanto.
Na questão da dublagem, o
projeto todo vai pelo ralo. Caso ainda vá assistir, prefira a versão legendada.
A primeira parte do filme até vai bem, mas quando ocorre a passagem de tempo, a
voz de Ícaro Silva, encarnando o papel de Simba adulto, não traz nada parecido
com a imponência que Garcia Júnior contava na animação, e isso desconecta muito
o que está visto na tela, com a “interpretação” do dublador. Nas cenas musicais,
isso piora ainda mais, principalmente se compararmos Silva a Iza, que possui um
alcance vocal bem melhor, em sua Nala.
Resumindo, o filme é
basicamente igual a animação, mas aqui, o Rei Leão acerta bastante no realismo.
Entretanto, esse acerto prejudica na maior qualidade da animação: A beleza do tom
cartunesco, que dava expressividade aos personagens, somem por completo. Além
da troca dos dubladores, que salvando-se a cantora Iza, no papel de Nala, desanima
bastante os fãs da animação.
Mas não se preocupe, para nós,
fãs de Rei Leão, a animação de 1994 sempre estará nos nossos corações, e pode
ser vista a qualquer momento. Já essa versão de 2019, bom, é um filme, que a
não ser pela fotografia, torna-se bastante esquecível.
Classificação: Regular (3 de 5
Estrelas)
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