exitoina.uol.com.br |
Pode não ser
a melhor adaptação de quadrinhos da história, mas, com certeza, “Coringa” entrará
no hall da mais lembradas, pelo menos, por um bom tempo. O filme procura fazer
um estudo de personagem sobre o que para muitos, trata-se do maior vilão dos
quadrinhos, ainda por cima, sendo interpretado por um dos melhores atores desta
geração, Joaquin Phoenix, que aqui entrega algo digno a indicação ao Oscar,
misturando drama com humor negro.
Mas antes de
Phoenix encarnar o “Palhaço do Crime”, ele começa a história como Arthur Fleck,
um homem que vive sob dificuldades para se manter estável, na cidade de Gotham,
que está em ruínas.
O diretor do
filme, Todd Phillips, consegue a proeza de situar a história entre os anos 70 e
80, evitando qualquer estranheza recorrente aos quadrinhos do Batman, ou de
qualquer outro mundo do Universo DC. Aqui, temos de referência, apenas, a já
citada, cidade de Gotham e a Família Wayne.
O personagem
Coringa, por si só, já é um prato cheio para adaptações. Tivemos inúmeras, de
diversos modos. Seja pela anarquia de Heath Ledger, pela caricatura infantil de
Cesar Romero ou pelo tom “Tim Burton” de Jack Nicholson.
Desta vez,
Joaquin Phoenix se aproveita o quanto pode da instabilidade/loucura, tão
característica do personagem nos quadrinhos, mas com um toque especial de
inocência, que beira o macabro. Como prova disso, temos sua risada. De início,
é explicado que se trata de uma perturbação psicológica que o faz rir em
momentos impróprios, mas depois ela assume a identidade de uma assinatura das
atrocidades que são cometidas por Fleck, ao longo do filme.
O ator, que dá
alma ao personagem, é figurinha carimbada a uma indicação ao Oscar. Ele
consegue além da interpretação, dar um tom que envolve, além das falas, uma
fisicalidade que gera tristeza e pena ao espectador. Sem contar no roteiro, que
evolui o personagem ao longo do filme, distribuindo suas camadas aos poucos. No
início, parece que já sabemos de tudo, mas do final do segundo ato até o fim do
filme, ele soma a loucura do protagonista a inúmeros “plot-twists”,
que funcionam com uma espécie de “ode” aos 90 anos de Batman e de sua mitologia.
Isso tudo
vem, sem dúvida, pela liberdade que a Warner deu a Phillips (além de diretor,
ele também é responsável pelo roteiro), já que apesar de lembrar muito o
quadrinho do Batman intitulado “A Piada Mortal”, possui tom e, principalmente,
reviravoltas próprias. Mesmo assim, os “adoradores desse quadrinho”,
especificamente, irão se deliciar com as referências ao momento Stand-up do
palhaço.
Além dos
Nerds, os cinéfilos também serão agraciados por referências, principalmente a
filmes da década de 70, como “Rede de Intrigas”, “Taxi
Driver” e, especialmente, “Rei da Comédia”. Este último,
muito pelo cenário de “Talk-Show” exposto e, sem dúvida, pela
excelente participação do ator Robert De Niro.
Resumindo,
esse filme é único. Trata-se de uma história pesada, e indicada ao público
maior de 18 anos. Cuidado ao expor esse produto, pois pessoas sensíveis podem
sofrer efeitos desagradáveis, por se tratar de um estudo que extrapola a
definição de loucura e sua relação com a sociedade.
“Coringa” é filme que traça um marco ao gênero de adaptações de
quadrinhos no cinema. Ele possui grandes atuações somadas a uma fotografia
impecável, abrindo um novo horizonte, bastante necessário, ao Universo DC nos
cinemas. Algo mais adulto, com temas mais profundos e de “incômoda” aceitação.
Classificação:
Excelente (5 de 5 Estrelas)
Comentários
Postar um comentário