adorocinema.com |
Desde
2011, o grande diretor espanhol Pedro Almodóvar não conseguia emplacar um
grande sucesso para a crítica e público, ao mesmo tempo. Mas parece que temos,
finalmente, um novo “A Pele que Habito”
(2011).
Em
“Dor e Glória”, o protagonista é
Salvador Mallo (Antônio Bandeiras), um diretor de cinema, que passa por um
momento difícil na vida, pois sofre de dores crônicas, somadas a um processo de
depressão. Assim, Salvador decidiu se aposentar, estando fora da mídia há três
anos.
Porém,
nesse meio tempo, um de seus grandes trabalhos acaba ganhando uma restauração,
que o convida para se apresentar após as sessões, em coletivas, ao lado do ator
Alberto Crespo (Etxeandia). Além do sucesso, a forte dependência de heroína,
aproxima cada vez mais os dois.
A
partir desses acontecimentos, começamos a ver a relação de Salvador com as
drogas, as doenças geradas por ela, tudo isso, conjunto a “flashbacks”, que
contam um pouco de sua infância pobre, ao lado da mãe, Jacinta (Penélope Cruz).
Salvador
representa um homem deprimido e cansado da vida, tendo inclusive uma paralisia
criativa, que o provoca dores e ressentimentos acumulados por toda a vida e
acabam voltando nesse momento. Nisso, Banderas consegue, em sua atuação, imprimir
a natureza exata do personagem, trazendo a mágoa de ter desperdiçado uma parte
de sua vida.
Caminhando
em duas linhas temporais, paralelamente, “Dor
e Glória” consegue justificar ao seu final (o que parecia estranho até
então) o porquê dessa escolha de narrativa.
Em
termos técnicos, o design de produção do filme é impecável, transmitindo ora o
ambiente pobre e pequeno da infância de Salvador, contrastando com o seu atual
apartamento, mais amplo e bem decorado.
Transformando
as dores do protagonista em arte, não me surpreenderia se Almodóvar confirmasse
que “Dor e Glória” é, simplesmente,
uma autobiografia sua.
Classificação: Ótimo (4 de 5 Estrelas)
Comentários
Postar um comentário