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“Atlantique”, nada mais, é que um retrato social inserido num mundo
imaginado, pela diretora Mati Diop, retomando a ideia de cinema fantástico.
Nesse gênero, a cineasta procura explorar, ao máximo, os recursos visuais e
sonoros, de forma tão presente, que nada se assemelha ao que costumamos ver no
cinema americano e europeu. E isso é o grande acerto de “Atlantique”. Porém, a obra se apropria muito de vícios de
narrativa, em que o texto não combina em nada com a experiência visual e
sensorial proposta.
O
começo do filme, mais precisamente em sua primeira meia hora, é muito
promissor. A história promete nos trazer caminhos, aparentemente desconhecidos,
mas que com o passar do tempo, acabam se transformando numa trama confusa e
difícil de aceitar. O início é forte, ao carregar um romance proibido, porém o que
é mostrado paralelamente, não acrescenta nada, mesmo que a inserção fantástica
dos espíritos dos mortos possa parecer interessante.
Tudo
o que está relacionado à protagonista, funciona bem. Entretanto, quando o filme
se afasta, ele acaba se enfraquecendo numa subtrama investigativa que não vai a
lugar nenhum. Toda beleza técnica vai se perdendo, o contraste mostrado antes
entre o moderno e o antigo, a revolução e o tradicional, a prisão e a
liberdade, nada mais faz sentido.
Por
outro lado, o que dá certo no início e que o filme explora ao máximo nesse
universo é o Oceano Atlântico. Mesmo quando ele não aparece, a trilha dá o tom
das ondas, gerando uma sensação de alívio, ou até mesmo tensão, dependendo da
situação.
No
final, fica o sentimento de decepção, por não terem explorado o imenso
mar de possibilidades proporcionado.
Classificação: Regular (3 de 5 Estrelas)
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