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Atlantique (Crítica)

olhardigital.com.br

“Atlantique”, nada mais, é que um retrato social inserido num mundo imaginado, pela diretora Mati Diop, retomando a ideia de cinema fantástico. Nesse gênero, a cineasta procura explorar, ao máximo, os recursos visuais e sonoros, de forma tão presente, que nada se assemelha ao que costumamos ver no cinema americano e europeu. E isso é o grande acerto de “Atlantique”. Porém, a obra se apropria muito de vícios de narrativa, em que o texto não combina em nada com a experiência visual e sensorial proposta.

O começo do filme, mais precisamente em sua primeira meia hora, é muito promissor. A história promete nos trazer caminhos, aparentemente desconhecidos, mas que com o passar do tempo, acabam se transformando numa trama confusa e difícil de aceitar. O início é forte, ao carregar um romance proibido, porém o que é mostrado paralelamente, não acrescenta nada, mesmo que a inserção fantástica dos espíritos dos mortos possa parecer interessante.

Tudo o que está relacionado à protagonista, funciona bem. Entretanto, quando o filme se afasta, ele acaba se enfraquecendo numa subtrama investigativa que não vai a lugar nenhum. Toda beleza técnica vai se perdendo, o contraste mostrado antes entre o moderno e o antigo, a revolução e o tradicional, a prisão e a liberdade, nada mais faz sentido.

Por outro lado, o que dá certo no início e que o filme explora ao máximo nesse universo é o Oceano Atlântico. Mesmo quando ele não aparece, a trilha dá o tom das ondas, gerando uma sensação de alívio, ou até mesmo tensão, dependendo da situação.

No final, fica o sentimento de decepção, por não terem explorado o imenso mar de possibilidades proporcionado.


Classificação: Regular (3 de 5 Estrelas)

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