Pular para o conteúdo principal

Atlantique (Crítica)

olhardigital.com.br

“Atlantique”, nada mais, é que um retrato social inserido num mundo imaginado, pela diretora Mati Diop, retomando a ideia de cinema fantástico. Nesse gênero, a cineasta procura explorar, ao máximo, os recursos visuais e sonoros, de forma tão presente, que nada se assemelha ao que costumamos ver no cinema americano e europeu. E isso é o grande acerto de “Atlantique”. Porém, a obra se apropria muito de vícios de narrativa, em que o texto não combina em nada com a experiência visual e sensorial proposta.

O começo do filme, mais precisamente em sua primeira meia hora, é muito promissor. A história promete nos trazer caminhos, aparentemente desconhecidos, mas que com o passar do tempo, acabam se transformando numa trama confusa e difícil de aceitar. O início é forte, ao carregar um romance proibido, porém o que é mostrado paralelamente, não acrescenta nada, mesmo que a inserção fantástica dos espíritos dos mortos possa parecer interessante.

Tudo o que está relacionado à protagonista, funciona bem. Entretanto, quando o filme se afasta, ele acaba se enfraquecendo numa subtrama investigativa que não vai a lugar nenhum. Toda beleza técnica vai se perdendo, o contraste mostrado antes entre o moderno e o antigo, a revolução e o tradicional, a prisão e a liberdade, nada mais faz sentido.

Por outro lado, o que dá certo no início e que o filme explora ao máximo nesse universo é o Oceano Atlântico. Mesmo quando ele não aparece, a trilha dá o tom das ondas, gerando uma sensação de alívio, ou até mesmo tensão, dependendo da situação.

No final, fica o sentimento de decepção, por não terem explorado o imenso mar de possibilidades proporcionado.


Classificação: Regular (3 de 5 Estrelas)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Arremessando Alto (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Embora tenha sucesso, de público diga se passagem, nas comédias, o ator Adam Sandler já não causa mais surpresa quando aposta em projetos mais dramáticos. Aliás, essas escolhas, geralmente, são acertadas. Ele já trabalhou com diretores do alto gabarito, como Paul Thomas Anderson ( “Embriagado de Amor” ), os Irmãos Safdie ( “Joias Brutas” ), Noah Baumbach ( “Os Meyerowitz” ), Jason Reitman ( “Homens, Mulheres e Filhos” ). Todos esses exemplos, longe da sua produtora, Happy Madison . Apesar da desconfiança, “Arremessando Alto” pode ser a exceção que confirma a regra, de que Sandler “não dá certo” produzindo e atuando, ao mesmo tempo. O filme, recém-lançado, na Netflix, traz um Adam Sandler mais próximo do real, já que o ator é um fã confesso de basquete. “Arremessando Alto” é dirigido por Jeremiah Zagar ( “We The Animals” ), e traz Sandler na pele de Stanley Surgerman, um olheiro do Philadelphia 76ers, tradicional clube da NBA, a principal Liga de Basquete Am

Continência ao Amor (Netflix) – Crítica

tecmundo.com.br “ Continência ao Amor” , sem dúvida, pelo menos, em termos de popularidade, é um dos maiores sucessos da Netflix, no ano. Liderando por semanas, em visualizações, o filme é do gênero romance, e apela para tropes básicos como: um casal formado por opostos, inicialmente precisando fingir um relacionamento, porém desenvolvendo maiores sentimentos. A direção é comandada por Elizabeth Allen Rosenbaum, experiente em produções focadas no público jovem. Aqui, ela, pela primeira vez, tenta trazer uma obra, um pouco, mais dramática, enquanto equilibra uma série de clichês. Embora tenha até êxito nisso, a primeiro momento, os desdobramentos, desse aspecto mais sério, não acompanham a narrativa. Na trama, em si, conhecemos Cassie (Sofia Carson), uma jovem latina e liberal, que encontra Luke (Nicholas Galitzine), um rapaz militar e conservador, que possui uma relação distante com seu pai. No sentido de apresentação de seus personagens, até que o filme funciona. O bás

Ghostbusters: Mais Além (Crítica)

cinepop.com.br Mais do que fantasmas, os cinéfilos tinham medo eram das continuações de “Caça-Fantasmas” (1984), que no filme original era estrelado por Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Erine Hudson, com direção de Ivan Retiman.   Depois de tantas decepções, em suas sequências, será que precisaríamos de mais uma? A Sony acreditava que sim, e lançou “Ghostbusters: Mais Além” , que tenta homenagear o original, mas também seguir em frente, como o possível início de novas aventuras.   Na trama da vez, iniciamos com uma mãe viúva e seus dois filhos sendo obrigados a se mudarem, para uma casa isolada, no interior. Localizada na fazenda do avô das crianças, se descobre que o local possui uma ligação com o Universo dos Caças-Fantasmas.   A direção de “Ghostbusters: Mais Além” fica a cargo de Jason Reitman, filho do diretor dos originais, que recebe a incumbência de retomar a franquia do pai. Embora pareça apenas uma escolha pelo parentesco, é importante ressaltar que ele vem de traba