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Fora de Série (Crítica)

adorocinema.com

Pode parecer, à primeira vista, mais um filme clássico de jovens nerds americanos, que, antes de irem para a faculdade, querem promover uma festa de despedida, com intuito de praticarem sexo. Porém, aqui em “Fora de Série”, temos uma diferença, marcada pelo roteiro comandado por mulheres, que dão uma nova visão para esse tema.

A atriz Olivia Wilde estreia, como diretora, apostando numa história focada na amizade de duas adolescentes, que, ao final do ensino médio, decidem se aproveitar numa última festa, já que passaram esse tempo todo, focadas nos estudos. Apesar de ser um tema já desgastado, Wilde consegue fugir dos estereótipos, trazendo um elenco mais real do que os que formam as paródias clássicas. Cada personagem, até mesmo os coadjuvantes, possui uma personalidade própria.

Mas voltando as protagonistas, temos, primeiramente, Molly (Beanie Feldstein), uma líder estudantil, feminista, que sonha em ocupar um lugar importante em sua carreira. Para isso, estuda o bastante para se garantir numa boa faculdade, apesar de ter deixado de lado sua vida social. Ao seu lado, temos Amy (Kaitlyn Dever), também disciplinada, e que é lésbica, tentando se adaptar a um mundo preconceituoso.

Voltando a premissa, Molly tenta convencer Amy a aproveitar a última festa, antes da formatura. Nisso, a comparação com “Superbad – É Hoje” (2007) torna-se inevitável. Mais ainda, quando sabemos que a atriz Kaitlyn Dever é irmã de Johan Hill, na vida real. Mesmo assim, Wilde consegue sair do óbvio de explorar o constrangimento ou o antagonismo, algo recorrente nesse tipo de filme.

Talvez o ponto mais forte do longa, seja mesmo na química das protagonistas, onde Molly e Amy, apesar de brigarem por inúmeras vezes, ambas sabem que uma não vive sem a outra.

Sobre os aspectos técnicos é interessante vermos a aposta em cenas mais realistas, aglutinadas a momentos cômicos. Especialmente no drama, onde a câmera se destaca, utilizando o menor número de cortes possível.

Apesar de contar com esses acertos, a montagem do filme é bastante fraca. Principalmente pela “barriga”, que o segundo ato possui, dificultando bastante o ritmo da trama.

Mesmo assim, é de se louvar “Fora de Série”, principalmente, por ter pegado um gênero, que parecia desgastado, mas que se atualiza, trazendo uma perspectiva diferente do habitual.


Classificação: Ótimo (4 de 5 Estrelas)

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