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Antes
que me apedrejem, é bom deixar claro, que para mim, mesmo que um filme possua
uma boa mensagem, ainda sim, ele está inserido no contexto cinematográfico, e a
maneira como a história é contada precisa ser avaliada de forma criteriosa. E
nisso, com um tema bastante significativo, “O
Escândalo” não consegue ir além da excelente discussão, que promete.
Dirigido
por Jay Roach, o drama é inspirado em acontecimentos reais que levaram a
demissão de Roger Alies (John Lithgow), CEO da Fox News, após denúncias de
abuso sexual por algumas de suas funcionárias. Nisso, a história é contada a
partir de três pontos de vista: um por Megyn Kelly (Charlize Theron), outro por
Gretchen Carlson (Nicole Kidman) e outro por Kayla Popisil (Margot Robbie),
esta última, totalmente inventada para a história.
Pra
começar os problemas que norteiam o filme, o principal deles é preciso ser
dito: falta de originalidade ao filmar. Parece que Roach, em sua direção, tenta
emular o jeito de Adam McKay, premiado por “A
Grande Aposta” (2015) e “Vice” (2018).
São utilizadas, sem tanta necessidade, quebras de quarta parede, narrações em off, zoom aleatório, tudo isso para
emular um caráter documentário, mesmo que sem grande sucesso. Falta de sucesso
esse, por que os efeitos são usados de maneira exagerada, aparentando falta de
experiência no uso pelos produtores.
Outra
característica das obras de McKay, que é jogada aqui, é o uso de humor em
situações inimagináveis. O problema ocorre quando você joga esse recurso para
temas mais densos e que precisam ser olhados de maneira mais séria, nos dias em
que vivemos hoje.
Exemplo
disso é a figura de Roger Alies, que pode ser vista por alguns, erroneamente,
como uma figura caricata e mal interpretada, inserido em cenas cômicas. Um
aspecto, que pode ser exemplificado na cena em que a personagem de Robbie é obrigada a mostrar sua
calcinha para Alies. Algo extremamente tenso, em que o diretor prefere apelar
pela sexualização, usando a visão do personagem masculino como um admirador, e
não como um abusador.
No
final, fica a sensação mais irônica possível, de que uma excelente premissa,
retratando o abuso sexual, pode ser tornar algo tolo e cômico.
Classificação:
Ruim (1 de 5 estrelas)
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