Pular para o conteúdo principal

Aves de Rapina (Crítica)

super.abril.com.br

Representar de maneira orgânica, e respeitosa, uma mulher sempre foi um desafio duro para o cinema. Ora foram vistas, durante a história, como “masculizadas”, outras vezes como símbolos sexuais.

Embora, Sarah Connor, em Exterminador do Futuro, tenha contribuído bem para a luta feminina, o cinema ainda pedia um equilíbrio maior na construção das personagens, onde a mulher poderia ser forte, mas sem abrir mão do seu lado feminino. Daí o marco, talvez, tenha sido a Mulher Maravilha, quando em seu filme solo, graças a diretora Patty Jenkins, conseguiu achar a solução ideal para a equação.

E nessa “vibe”, misturando o conceito “mulher forte” com o seu charme, “Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa”, equilibra bem esses dois aspectos. Muito disso, graças a produção da atriz Margot Robbie, que vive a protagonista. Robbie ainda vai mais além, ao reformular toda a ideia concebida na construção de Arlequina, mas, que ainda sim, consegue não abdicar da origem da personagem.

Não podemos esquecer que além de Arlequina, outras personagens também possuem o espaço devido, para brilharem. Renee Montoya (Rosie Perez) mostra-se como a policial amargurada, um clássico do cinema. Além dela, quem se destaca também é a Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), tentando encontrar sua própria voz, em meio aos abusos que sofre, no dia a dia. Talvez, o desfalque maior ao elenco é o pouco tempo de tela dado a Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), uma assassina com um “background” interessante, mas que o filme não encontra tempo para aproveitá-la.

Mas sem dúvida, fora a Arlequina de Robbie, quem mais se destaca nesse longa é Cassandra Cain (Ella Jay Basco), que tem a responsabilidade de ser o centro, que move toda a trama. Mesmo assim, ela não “deixa a peteca cair”, e conta com um bom entrosamento nas interações, que possui, com Hayley Quinn.

Apesar de ter uma classificação indicativa alta, a violência do filme é bastante colorida, somada a ajuda da trilha sonora. Lembra um pouco “Deadpool” (2016). Ainda nisso, é de ressaltar o acerto na equipe técnica. Aqui temos nomes consagrados como K.K. Barrett (Designer de Produção de “Ela”), Erin Benach (Figurinista de “Drive”) e Matthew Libatique (Diretor de Fotografia de “Cisne Negro”).

Voltando ao elenco, até mesmo os nomes masculinos são bem utilizados. Máscara Negra, interpretado pelo brilhante Ewan McGregor, é o mesmo vilão cartunesco dos quadrinhos, atuando como um homem rico, mimado e em busca de poder. Junto dele, temos seu capanga Victor Zsasz (Chris Messina), que também mantém o lado das HQs, de um criminoso inútil.


E com mais um acerto cinematográfico, a DC/Warner se estabelece bem no seu Universo Solo, não tendo vergonha em “infantilizar”, no bom sentido”, seus protagonistas, assumindo um lado mais colorido. E é essa DC Comics, que tanto amamos.


Classificação: Ótimo (4 de 5 Estrelas)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marcas da Maldição (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Mais de vinte anos, após a estreia de “A Bruxa de Blair” (1999), maior sucesso do gênero Terror com câmera na mão, a Netflix traz um novo filme com essa abordagem. O principal chamariz, para o longa dos anos 90, era a inauguração da onda de focar no uso de fitas abandonadas, com imagens de florestas assustador a s, onde habit avam maldições. Tentando retomar essa “ vibe” antiga, o diretor Kevin Ko lança seu “Marcas da Maldição” . O cineasta já é bastante conhecido, pelo talento de proporcionar “bons sustos” e criar uma atmosfera crescente, a partir de suas imagens. Em tela, é apresentado um ciclo, composto por pessoas curiosas, que se aproximam de lugares proibitivos, que acabam gerando situações amedrontadoras, como consequência as mesmas. Aqui, temos um grupo que tenta desmascarar casos sobrenaturais, para seu canal, no Youtube. Porém, eles acabam se envolvendo num ritual real, morrem e sobra apenas uma jovem mãe (Hsuan-yen Tsai), dos integrantes . ...

A Família Addams 2: Pé na Estrada (Crítica)

loucosporfilmes.net Só começar a música, que todos já começam a estalar os dedos. Nesse ritmo, chega, até nós, a sequência da animação de “A Família Addams” (2019), muito pelo sucesso desta primeira produção. Porém, o fator pandemia atrapalhou a MGM e Universal Pictures, na divulgação do longa. Mesmo depois de muita espera, “A Família Addams 2: Pé na Estrada” conseguiu chegar aos cinemas, e, infelizmente, não passa nem perto, em termos de qualidade, de seu antecessor. A aposta da vez foi colocar nossa adorável família viajando, pelos Estados Unidos. Pena, que toda essa tentativa de road movie familiar não tenha nada de memorável. Apesar de bons momentos, se pegos isolados, tudo fica inserido num grande remendo. Ao final da história, fica a sensação de que o trio de roteiristas (Dan Hernandez, Benji Samit e Ben Queen) achou que apenas a força de seus personagens já iria satisfazer o espectador. A principal característica da franquia, sem dúvida, é de colocar seus protag...

Beckett (Netflix) – Crítica

aodisseia.com Um velho artifício para se produzir uma história, que prenda o espectador do início ao fim, é escolher uma trama que envolva paranoia e teorias da conspiração. Nessa “vibe”, a Netflix aposta em “Beckett” , um thriller que promete. Beckett é o nome do protagonista, interpretado por John David Washington ( “Infiltrado na Klan” ), que está de férias com a namorada, April (Alicia Vikander), em Atenas, na Grécia. Durante a hospedagem, em um hotel, eles ficam sabendo de um protesto, que irá ocorrer próximo, e então decidem viajar, de carro, para o interior. Porém, durante o trajeto, o casal sofre um acidente. Beckett perde a esposa e ele acaba vendo um menino ruivo, antes de desacordar. Depois de ser resgatado, Beckett se vê caçado, sem saber o porquê, e precisa lutar para chegar à embaixada americana, em Atenas. A direção de “Beckett” é comandada por Ferdinando Cito Filomarino, e possui dois grandes arcos. O primeiro foca mais nas férias felizes do casal protagoni...