Pular para o conteúdo principal

Destacamento Blood (Crítica)

jornalggn.com.br

O trauma de uma guerra já foi, inúmeras vezes, trabalhado, na ficção. Normalmente, sendo visto na pele de um soldado, que tenta se readequar ao mundo atual, totalmente diferente.

Porém, um erro bastante comum a esses filmes é a forma de tratamento único. Assim, o diretor Spike Lee, em “Destacamento Blood” (2020), procura nos dar outro lado, mostrando inúmeras visões de uma mesma guerra, com alguns tendo conseguido seguir em frente, e outros soldados carregando um trauma forte, por muitos anos.

Na parte do roteiro, a aposta vai para dividir a trama em dois momentos, misturando passado e presente, procurando ressaltar a amizade de um grupo de soldados negros, que tiveram que repetir uma missão, que fizeram, há muito tempo.

A viagem, porém, acaba, como em qualquer filme, trazendo desafios, não antes planejados, que promovem ao espectador conhecer o psicológico dos personagens, dando força as suas relações, entre os amigos e familiares. Trata-se de um “filme de guerra” diferente, onde o mais importante é destacar as emoções, e ir menos à ação.

Algo que o espectador precisa, antes de começar o filme, é ter um mínimo de conhecimento histórico sobre a Guerra do Vietnã. O texto não explica nada sobre como vem às emoções sofridas, pelos ex-veteranos de Guerra. Assim, sobra tempo para discutir-se sobre a dívida histórica, pois se conclui que os negros foram utilizados como uma espécie de “mão de obra” para os brancos, esse últimos, erroneamente, considerados os verdadeiros heróis da batalha.

Além dessa discussão maior, o filme também centraliza uma parte, para focar em outros debates, como divergências políticas entre amigos, relações paternas, paranoia advinda da guerra, capitalismo, entre outros subtextos.

E talvez, por essa infinidade de mensagens, que o filme não consiga atingir o ápice da excelência. O roteiro busca, quase o tempo todo, em reforçar as memórias da guerra, mostrando muito material fotográfico, que, ás vezes, quebra o ritmo da história. Materiais esses, que, em alguns momentos, caberia apenas de serem citados. Um exemplo disso está na utilização do boné MAGA, que aparece como marca territorial, mas que depois se perde ao esquecimento.

Mesmo assim, é bonito ver que “Destacamento Blood” consegue se mostrar como um filme sobre lutas, de diferentes camadas, de uma só comunidade. Temos aqui, a história de homens feridos, que reagem de diferentes formas ao seu sofrimento, mas que, em nenhum momento, se desunem.

Em tempos de “Black lives matter”, o filme acerta em mostrar que apesar de diferentes etnias, a humanidade é única.

Nota: ★★★★ (Ótimo)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Arremessando Alto (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Embora tenha sucesso, de público diga se passagem, nas comédias, o ator Adam Sandler já não causa mais surpresa quando aposta em projetos mais dramáticos. Aliás, essas escolhas, geralmente, são acertadas. Ele já trabalhou com diretores do alto gabarito, como Paul Thomas Anderson ( “Embriagado de Amor” ), os Irmãos Safdie ( “Joias Brutas” ), Noah Baumbach ( “Os Meyerowitz” ), Jason Reitman ( “Homens, Mulheres e Filhos” ). Todos esses exemplos, longe da sua produtora, Happy Madison . Apesar da desconfiança, “Arremessando Alto” pode ser a exceção que confirma a regra, de que Sandler “não dá certo” produzindo e atuando, ao mesmo tempo. O filme, recém-lançado, na Netflix, traz um Adam Sandler mais próximo do real, já que o ator é um fã confesso de basquete. “Arremessando Alto” é dirigido por Jeremiah Zagar ( “We The Animals” ), e traz Sandler na pele de Stanley Surgerman, um olheiro do Philadelphia 76ers, tradicional clube da NBA, a principal Liga de Basquete Am

Continência ao Amor (Netflix) – Crítica

tecmundo.com.br “ Continência ao Amor” , sem dúvida, pelo menos, em termos de popularidade, é um dos maiores sucessos da Netflix, no ano. Liderando por semanas, em visualizações, o filme é do gênero romance, e apela para tropes básicos como: um casal formado por opostos, inicialmente precisando fingir um relacionamento, porém desenvolvendo maiores sentimentos. A direção é comandada por Elizabeth Allen Rosenbaum, experiente em produções focadas no público jovem. Aqui, ela, pela primeira vez, tenta trazer uma obra, um pouco, mais dramática, enquanto equilibra uma série de clichês. Embora tenha até êxito nisso, a primeiro momento, os desdobramentos, desse aspecto mais sério, não acompanham a narrativa. Na trama, em si, conhecemos Cassie (Sofia Carson), uma jovem latina e liberal, que encontra Luke (Nicholas Galitzine), um rapaz militar e conservador, que possui uma relação distante com seu pai. No sentido de apresentação de seus personagens, até que o filme funciona. O bás

Ghostbusters: Mais Além (Crítica)

cinepop.com.br Mais do que fantasmas, os cinéfilos tinham medo eram das continuações de “Caça-Fantasmas” (1984), que no filme original era estrelado por Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Erine Hudson, com direção de Ivan Retiman.   Depois de tantas decepções, em suas sequências, será que precisaríamos de mais uma? A Sony acreditava que sim, e lançou “Ghostbusters: Mais Além” , que tenta homenagear o original, mas também seguir em frente, como o possível início de novas aventuras.   Na trama da vez, iniciamos com uma mãe viúva e seus dois filhos sendo obrigados a se mudarem, para uma casa isolada, no interior. Localizada na fazenda do avô das crianças, se descobre que o local possui uma ligação com o Universo dos Caças-Fantasmas.   A direção de “Ghostbusters: Mais Além” fica a cargo de Jason Reitman, filho do diretor dos originais, que recebe a incumbência de retomar a franquia do pai. Embora pareça apenas uma escolha pelo parentesco, é importante ressaltar que ele vem de traba