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O
trauma de uma guerra já foi, inúmeras vezes, trabalhado, na ficção.
Normalmente, sendo visto na pele de um soldado, que tenta se readequar ao mundo
atual, totalmente diferente.
Porém,
um erro bastante comum a esses filmes é a forma de tratamento único. Assim, o
diretor Spike Lee, em “Destacamento Blood”
(2020), procura nos dar outro lado, mostrando inúmeras visões de uma mesma
guerra, com alguns tendo conseguido seguir em frente, e outros soldados
carregando um trauma forte, por muitos anos.
Na
parte do roteiro, a aposta vai para dividir a trama em dois momentos,
misturando passado e presente, procurando ressaltar a amizade de um grupo de
soldados negros, que tiveram que repetir uma missão, que fizeram, há muito
tempo.
A
viagem, porém, acaba, como em qualquer filme, trazendo desafios, não antes
planejados, que promovem ao espectador conhecer o psicológico dos personagens,
dando força as suas relações, entre os amigos e familiares. Trata-se de um “filme
de guerra” diferente, onde o mais importante é destacar as emoções, e ir menos
à ação.
Algo
que o espectador precisa, antes de começar o filme, é ter um mínimo de
conhecimento histórico sobre a Guerra do Vietnã. O texto não explica nada sobre
como vem às emoções sofridas, pelos ex-veteranos de Guerra. Assim, sobra tempo
para discutir-se sobre a dívida histórica, pois se conclui que os negros foram
utilizados como uma espécie de “mão de obra” para os brancos, esse últimos,
erroneamente, considerados os verdadeiros heróis da batalha.
Além
dessa discussão maior, o filme também centraliza uma parte, para focar em
outros debates, como divergências políticas entre amigos, relações paternas,
paranoia advinda da guerra, capitalismo, entre outros subtextos.
E
talvez, por essa infinidade de mensagens, que o filme não consiga atingir o
ápice da excelência. O roteiro busca, quase o tempo todo, em reforçar as
memórias da guerra, mostrando muito material fotográfico, que, ás vezes, quebra
o ritmo da história. Materiais esses, que, em alguns momentos, caberia apenas
de serem citados. Um exemplo disso está na utilização do boné MAGA, que aparece
como marca territorial, mas que depois se perde ao esquecimento.
Mesmo
assim, é bonito ver que “Destacamento
Blood” consegue se mostrar como um filme sobre lutas, de diferentes camadas, de uma só comunidade. Temos aqui, a história de homens feridos, que reagem de
diferentes formas ao seu sofrimento, mas que, em nenhum momento, se desunem.
Em
tempos de “Black lives matter”, o
filme acerta em mostrar que apesar de diferentes etnias, a humanidade é única.
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