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Ninguém Sabe Que Estou Aqui (Netflix) - Crítica

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Jorge Garcia, apesar de ter uma carreira sólida nos cinemas, é mais conhecido pelos seus trabalhos na TV. Em especial, por ter interpretado Hugo ‘Hurley’, personagem da inesquecível, série “Lost” (2004-2010). Embora tenha experiência, Garcia nunca conseguiu ir além de papéis de coadjuvantes, mesmo com seu grande talento.

Porém, tudo muda quando o ator americano, de origem latina, é o protagonista do novo drama da Netflix, “Ninguém Sabe Que Estou Aqui”, filme dirigido por Gaspar Antillo.

O enredo parte de um estudo de personagem de Memo (Garcia), um homem simples, mas que leva um grande trauma consigo. Ele, atualmente, mora com seu tio, Braulio (Luis Gnecco), numa fazenda, bem afastada da cidade grande. Esse afastamento serve como um esconderijo de Memo, que, quando pequeno, possuía uma incrível voz, mas que por conta de sua aparência física, não permitiu alcançar seu sonho em ser um astro.

Apesar do roteiro de “Ninguém Sabe Que Estou Aqui” abordar o trauma como um tema interessante, o seu potencial não atinge o esperado, tendo um filme com excelente primeiro ato, mas que se perde, em seguida, no seu desenvolvimento.

Na primeira metade do filme, o roteiro vai alimentando a curiosidade do espectador em descobrir o passado de Memo, instigando um interessante mistério. Nada se sabe sobre o protagonista, até mesmo, por ele ser um homem de poucas palavras. Nisso, o diretor acerta, principalmente, por apostar em planos longos, focados em Memo, mostrando sua solidão, ao extremo.

Porém, o acerto acaba virando um problema, pois são levantados inúmeros questionamentos, em sua primeira parte, que o filme não conta com tempo suficiente para solucionar todos (o longa conta com apenas 1h30m de duração). A resolução, por exemplo, é feita de forma rápida e a catarse não dura muito.

Por outro lado, se sabe que num estudo de personagem, o trabalho do protagonista é fundamental. E isso, o filme entrega. Jorge Garcia tem uma excelente interpretação, conseguindo, até mesmo, pelo silêncio, só com o olhar, transmitir inúmeros pensamentos.

A trilha sonora também é incrível, principalmente a canção que embala toda a história. Nisso, mostra-se que “Ninguém Sabe que Estou Aqui”, até conta com boas ideias, principalmente no texto que explora que nós todos temos talentos, independentemente da nossa aparência física.

Pena, que boas ideias podem se perder no caminho.


Nota: ★★★ (Ok)

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