observatoriodocinema.uol.com.br |
O diretor Charlie Kaufman já é
um velho conhecido do mundo cinematográfico, muito por suas obras, que sempre
foram autorais, com personalidade, procurando debater questões da existência humana.
Partindo de simples premissas, ele sempre busca o caminho mais ousado, nos
afastando do óbvio, que a situação proposta parece, inicialmente, querer
buscar.
O que dizer então, das suas
duas maiores obras: “Quero Ser John Malkovich” (1999) e “Brilho Eterno
de Uma Mente Sem Lembranças (2004)? Assim, Kaufman se tornou um autor que
utiliza de fábulas, para transmitir suas mensagens, muitas delas sobre o relacionamento
entre as pessoas.
Logo, não surpreende o bom resultado
do seu mais recente lançamento, “Estou Pensando em Acabar com Tudo”,
que chega a Netflix, explorando ainda mais a habilidade do diretor, em entrar
na psique humana.
A trama é centrada em uma moça
(Jessie Buckley), que começa a se questionar sobre sua vida, principalmente
sobre se deve ou não continuar no seu relacionamento com o namorado, Jake (Jesse
Plemons). Inicialmente, pensando em terminar, ela acaba adiando sua mudança de
planos, quando seu parceiro resolve apresentá-la para seus pais (Toni Colette e
David Thewlis).
Ao chegar na casa dos sogros,
ela percebe que a família de Jake tem um comportamento, no mínimo, peculiar. O que acaba fazendo com que a jovem entre numa jornada própria de autoconhecimento.
É bom ressaltar que a história
é baseada num livro, com título homônimo, escrito por Iain Reid. A trama do
longa busca muito do original, mas com uma pitada de Kaufman, na sua
inconfundível visão de cinema, que orienta o espectador a entrar direto na
história contada.
A estrutura de três atos do
filme é bem dividida, onde percebemos o andamento da história, sem olharmos
para o relógio de duração. O primeiro ato é focado numa conversa entre os
personagens principais, dentro de um carro, de forma extremamente claustrofóbica. Já o
segundo, é ambientado na casa da família de Jake, onde a moça é
convidada a entrar numa jornada surrealista. E o terceiro é a resolução,
mostrando a volta do casal, que discute tudo o que foi visto até ali.
O elenco tem um trabalho
excepcional. Em especial, o casal protagonista,
onde Jesse Plemons, que interpreta Jake, traz a insegurança que seu personagem pede.
Que combina, perfeitamente, com sua “cara metade”, Jessie Buckley, que carrega
bem a garota complexa, e que se vê, em dúvida, sobre seu destino.
Talvez, o único fator que
possa ser um problema para algumas pessoas, que venham assistir, seja o fator “desconforto”,
que o filme parece querer trazer. E isso, pode não agradar, todo mundo.
Mesmo assim, temos aqui um bom
acerto da Netflix.
Nota: 🌟🌟🌟🌟 (Ótimo)
Ótima crítica. O elenco é mesmo excepcional, todos estão incríveis, mas destaco a Jessie Buckley, como vc citou, e a Toni Collette, que é uma força da natureza.
ResponderExcluir