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Embora pareça estranho, “O Diabo
de Cada Dia”, o mais recente lançamento da Netflix, tem um título que faz
jus a sua história. Em 2h18min, o espectador vai sentir dor e sofrimento, em
inúmeras situações perversas, que são mostradas.
O peso disso ganha um contorno perverso, muito pelo mal não vir do arquétipo clássico do cinema, mas sim pela “crueldade real”, que a humanidade possui. O diretor/roteirista, Antonio Campos (“Christine”) desmonta o cenário tranquilo, que seria o habitual do interior, mostrando um ambiente mais desumano e perverso.
É de se destacar que o mal não está presente em apenas um personagem, ele é apresentado em muitas formas. A começar por Willard (Bill Skarsgard), um veterano da Segunda Guerra, que carrega o trauma do conflito. Para se libertar, sua mãe o convence a ir á Igreja, porém, o que seria um ambiente de tranquilidade, traz um sentimento reverso. No meio disso tudo, ele acaba perdendo sua esposa, o que serve para ele, como uma justificativa para cometer novas atrocidades.
Para outros papéis, que carregam traumas consigo, temos um pastor, vivido por Robert Pattinson, e um serial killer, este interpretado por Jason Clarke. Esses dois, ao contrário do primeiro, possuem o mau, dentro de si, por natureza. Nisso vem a dúvida ao espectador: Por conhecermos o “background” de Willard, devemos perdoá-lo? Qual a diferença dele, para estes dois últimos?
Tendo que transmitir jornadas
tão complexas, Campos utiliza a câmera com o objetivo de nos deixar
angustiados, esperando uma grande catástrofe, lá na frente. Para aumentar ainda
mais a tensão, a trilha sonora é pesada e a fotografia soturna.
Para você que não assistiu
ainda, deve se alertar pelo fato da narrativa ser fora do comum, o que pode
irritar a muitos, por sua lentidão. O diretor escolhe apenas um recorte de
tempo e espaço, onde o mal se instaura de forma cautelosa. O importante não é a
resultado, mas sim, a jornada psicológica dos personagens.
E o que não falta são personagens.
Até por isso, o longa tenta ser bem didático no desenvolvimento de cada
figura, mesmo que isso leve bastante tempo. E longe de ser um problema, a divisão
das jornadas permite que entendemos todas as motivações.
E por mais que muita gente possa reclamar do ritmo e do pessimismo da trama, “O Diabo de Cada Dia” faz jus em apresentar o “mal”, onde não importa a fé, ou a segurança. Não existe solução. O inferno já é aqui!
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