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Após o grande sucesso de “Borat
- O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América” (2006),
sempre se pensou como fazer uma sequência, já que, praticamente, todo mundo
conhece o jornalista, vivido por Sacha Baron Cohen. Mesmo assim, 14 anos
depois, a comédia ganhou mais um capítulo, numa hora bastante propícia.
É muito complicado explicar
como se deu o sucesso do primeiro longa. O documentário “fake” é caracterizado
pelo humor negro, que se utiliza de piadas escatológicas, provocando bastante
vergonha alheia. O protagonista é montado como alguém de cultura conservadora,
que se utiliza disso para escancarar preconceitos, que a sociedade geral tem.
E no mundo em que vivemos,
onde há um crescimento da intolerância e do negacionismo, Borat ganha um prato
cheio. Assim, “Borat 2: Fita de Cinema Seguinte” nos propõe, inusitadamente,
uma história de redenção. Nosso protagonista, por consequência do primeiro
filme, é acusado de ser responsável pela maior vergonha de seu país, o Cazaquistão.
Assim, o repórter é enviado, novamente, aos Estados Unidos, para reaver a “relação”
entre os dois países.
Mas, desta vez, ele não está
sozinho. Ao seu lado, temos sua filha, Sandra Jessica Parker (Maria Bakalova),
que se junta a essa jornada louca, que vai desde a invasão a comícios do Partido
Republicano, até a hospedagem em uma casa liderada por “conspiracionistas” da
pandemia.
Um grande acerto aqui é o fato
dessa nova aventura referenciar a primeira, dando um toque familiar aqueles que
sentiram tanta falta do personagem. Assim, o início da viagem aos Estados
Unidos, mostra Borat “matando a saudade” do país. Porém, essa mesma qualidade se
torna um defeito, quando o impacto diminui, e algumas aventuras não proporcionam
tanta surpresa.
Mesmo assim, o roteiro cresce
quando é referenciado o tempo, em que vivemos. Se em 2006, Borat “acusava” os
preconceitos internos da sociedade americana, aqui, ele tenta “entender” a nova
extrema-direita americana, caracterizada por negacionistas e intolerantes.
Por essa complexidade de
temas, que o humor do longa se perde um pouco. Muitas vezes, o lado orgânico
visto, no primeiro filme, não está tão presente, onde algumas piadas parecem
ser esquetes pré-montadas.
Mesmo assim, “Borat 2: Fita
de Cinema Seguinte” consegue surfar bem no mundo bizarro, em que vivemos,
especialmente por se situar em 2020, um ano bem fora do comum (e não preciso explicar
o porquê).
Talvez, isso explique o quão
necessário Borat é, nos fazendo rir dos absurdos, da nossa realidade.
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