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Remédio Amargo (Netflix) - Crítica

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O diretor Carles Torras teve uma ideia, muito interessante: E se colocássemos um cadeirante, como o grande vilão, de um filme de suspense? Em tempos, onde se debate tanto a necessidade de inclusão social (e com razão), também nas artes, por que devemos pensar apenas no estereótipo do “coitado”, para esse biotipo?

 

Esse é o grande acerto de Torras, que também conta com a ajuda, no roteiro, de David Desola e Hector Hernández Vicens. Mais do que apenas colocar um vilão cadeirante, “Remédio Amargo” surpreende ao dividir a trama em dois pontos cruciais, mostrando a evolução da psicopatia do protagonista, atrelada as dificuldades, que um cadeirante normal precisa enfrentar, no seu dia a dia.  

 

Questiona também por que um PCD não tem direito a ter outros sentimentos, como a tristeza, até mesmo a raiva. Muito disso é colocado de forma certeira, graças ao ator Mario Casas, que dá vida ao protagonista, Angel (olha o nome dele). Detestável, mesmo que debilitado, ele não transmite nenhuma empatia ao espectador.

 

Voltando a direção, Torras consegue conduzir bem esse thriller, nos prendendo do início até o seu ápice de história. Muito também pela escolha de cenários, onde 2/3 do filme se passa dentro de uma casa escura, que nos dá uma sensação de claustrofobia, nutrindo um desejo de fuga ao espectador.

 

Talvez os únicos problemas estejam no segundo ato, onde a trama dá uma estagnada, demorando a avançar. Além da tradução do título, que em português, não transmite muito bem, o que será visto.

 

Salvo isso, para quem gosta de uma boa história de obsessão, e degradação psicológica, “Remédio Amargo” é uma excelente pedida.


 

Nota: 🌟🌟🌟🌟 (Ótimo)

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