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O diretor Carles Torras teve uma
ideia, muito interessante: E se colocássemos um cadeirante, como o grande vilão,
de um filme de suspense? Em tempos, onde se debate tanto a necessidade de inclusão
social (e com razão), também nas artes, por que devemos pensar apenas no estereótipo
do “coitado”, para esse biotipo?
Esse é o grande acerto de Torras,
que também conta com a ajuda, no roteiro, de David Desola e Hector Hernández
Vicens. Mais do que apenas colocar um vilão cadeirante, “Remédio Amargo”
surpreende ao dividir a trama em dois pontos cruciais, mostrando a evolução da
psicopatia do protagonista, atrelada as dificuldades, que um cadeirante normal
precisa enfrentar, no seu dia a dia.
Questiona também por que um PCD
não tem direito a ter outros sentimentos, como a tristeza, até mesmo a raiva. Muito
disso é colocado de forma certeira, graças ao ator Mario Casas, que dá vida ao
protagonista, Angel (olha o nome dele). Detestável, mesmo que debilitado, ele não
transmite nenhuma empatia ao espectador.
Voltando a direção, Torras consegue
conduzir bem esse thriller, nos prendendo do início até o seu ápice de
história. Muito também pela escolha de cenários, onde 2/3 do filme se passa
dentro de uma casa escura, que nos dá uma sensação de claustrofobia, nutrindo
um desejo de fuga ao espectador.
Talvez os únicos problemas estejam
no segundo ato, onde a trama dá uma estagnada, demorando a avançar. Além da
tradução do título, que em português, não transmite muito bem, o que será
visto.
Salvo isso, para quem gosta de uma
boa história de obsessão, e degradação psicológica, “Remédio Amargo” é uma
excelente pedida.
Nota: 🌟🌟🌟🌟 (Ótimo)
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