Pular para o conteúdo principal

Cercados (GloboPlay) – Crítica

youtube.com

“Cercados”, novo documentário original da GloboPlay, traz bastante informação. O projeto comandado por Caio Cavechini, mergulha sobre o caos que o Brasil sofreu, desde o início da Pandemia da COVID-19, até o fim deste ano.


Ainda que se mostre um projeto interessante, o ritmo é desequilibrado e prejudica na intenção promovida. Com muitos pontos de vista, a narrativa aposta no vai e vem, e perde um pouco do seu andamento. Não há um foco claro, a história parece querer abraçar tudo relacionado a pandemia, como a Política, a Doença em si, o trabalho dos médicos, dos jornalistas, as Fake News, e assim não acha um meio claro de abordagem.


Até que isso tudo poderia ser colocado, se Cavechini conseguisse realizar uma montagem mais satisfatória. As passagens não possuem fluidez. Fica a sensação de que se a Globo tivesse apostado numa série, com cada episódio focando num aspecto da Pandemia, seria uma decisão melhor.


Só para se ter uma ideia, “Cercados” começa Nelson Teich, ex-Ministro da Saúde, anunciando sua demissão, em coletiva. Rapidamente, corta para imagens do trabalho de cemitérios e hospitais, “encerrando o seu início” nas discussões de pauta das redações da Globo.


De positivo, a narrativa em volta do Governo Federal e sua condução da Pandemia é boa. O “Brasil de Bolsonaro” é mostrado como algo imprevisível e meio desconectado da realidade, o que confronta a imprensa.


Voltando ao roteiro em si, Cavechini e Sacardovelli até que tentam focar no tema, porém há uma parte onde o filme parte em busca de tentar explicar a origem do negacionismo. Uma boa ideia, entretanto funcionaria melhor num outro documentário, à parte.


Temas como o “fanatismo da turma do cercadinho”, “Fake News”, Foro de São Paulo, até a Marcha Neo-Nazista promovida por Sara Winter, passando pela Cloroquina, gerariam ótimos episódios, se o documentário escolhesse o formato série.


Voltando no que há de bom, sendo claro na escolha do seu lado, a narrativa acerta quando aposta na personalização das vítimas. Isso colabora para que elas não virem apenas números, mas criem uma sensação em empatia/alarme a quem está assistindo.


Assim, “Cercados”, mesmo com uma narrativa desencontrada, consegue tocar em momentos chave, com um sentimento verdadeiro, usando como base o fato jornalístico. Dando além do assunto, o contexto total do trabalho do repórter, que correu atrás daquela história.


Pode não ser perfeito, mas “Cercados” possui uma assinatura própria, mesmo que essa assinatura seja feita por uma “Caneta Bic”.



Nota: 🌟🌟🌟 (Ok)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Arremessando Alto (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Embora tenha sucesso, de público diga se passagem, nas comédias, o ator Adam Sandler já não causa mais surpresa quando aposta em projetos mais dramáticos. Aliás, essas escolhas, geralmente, são acertadas. Ele já trabalhou com diretores do alto gabarito, como Paul Thomas Anderson ( “Embriagado de Amor” ), os Irmãos Safdie ( “Joias Brutas” ), Noah Baumbach ( “Os Meyerowitz” ), Jason Reitman ( “Homens, Mulheres e Filhos” ). Todos esses exemplos, longe da sua produtora, Happy Madison . Apesar da desconfiança, “Arremessando Alto” pode ser a exceção que confirma a regra, de que Sandler “não dá certo” produzindo e atuando, ao mesmo tempo. O filme, recém-lançado, na Netflix, traz um Adam Sandler mais próximo do real, já que o ator é um fã confesso de basquete. “Arremessando Alto” é dirigido por Jeremiah Zagar ( “We The Animals” ), e traz Sandler na pele de Stanley Surgerman, um olheiro do Philadelphia 76ers, tradicional clube da NBA, a principal Liga de Basquete Am

Continência ao Amor (Netflix) – Crítica

tecmundo.com.br “ Continência ao Amor” , sem dúvida, pelo menos, em termos de popularidade, é um dos maiores sucessos da Netflix, no ano. Liderando por semanas, em visualizações, o filme é do gênero romance, e apela para tropes básicos como: um casal formado por opostos, inicialmente precisando fingir um relacionamento, porém desenvolvendo maiores sentimentos. A direção é comandada por Elizabeth Allen Rosenbaum, experiente em produções focadas no público jovem. Aqui, ela, pela primeira vez, tenta trazer uma obra, um pouco, mais dramática, enquanto equilibra uma série de clichês. Embora tenha até êxito nisso, a primeiro momento, os desdobramentos, desse aspecto mais sério, não acompanham a narrativa. Na trama, em si, conhecemos Cassie (Sofia Carson), uma jovem latina e liberal, que encontra Luke (Nicholas Galitzine), um rapaz militar e conservador, que possui uma relação distante com seu pai. No sentido de apresentação de seus personagens, até que o filme funciona. O bás

Ghostbusters: Mais Além (Crítica)

cinepop.com.br Mais do que fantasmas, os cinéfilos tinham medo eram das continuações de “Caça-Fantasmas” (1984), que no filme original era estrelado por Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Erine Hudson, com direção de Ivan Retiman.   Depois de tantas decepções, em suas sequências, será que precisaríamos de mais uma? A Sony acreditava que sim, e lançou “Ghostbusters: Mais Além” , que tenta homenagear o original, mas também seguir em frente, como o possível início de novas aventuras.   Na trama da vez, iniciamos com uma mãe viúva e seus dois filhos sendo obrigados a se mudarem, para uma casa isolada, no interior. Localizada na fazenda do avô das crianças, se descobre que o local possui uma ligação com o Universo dos Caças-Fantasmas.   A direção de “Ghostbusters: Mais Além” fica a cargo de Jason Reitman, filho do diretor dos originais, que recebe a incumbência de retomar a franquia do pai. Embora pareça apenas uma escolha pelo parentesco, é importante ressaltar que ele vem de traba