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O
“maior” filme de todos os tempos, segundo o IMDB, trata-se de “Cidadão Kane” (1941).
Apesar de glorificado, a produção do longa não escapou de polêmicas e atrasos.
Polêmicas essas como o boicote promovido por William Randolph Hearst, até a “difícil”
decisão de quem merece os créditos do roteiro: Orson Welles ou Herman
Mankiewicz. E para "defender" Mankiewicz, o diretor David Fincher lança seu novo
filme, “Mank”, distribuído pela Netflix.
Evidentemente,
o filme não se propõe discutir só isso. Trata-se
também de um estudo de personagem, onde Mank, vivido por Gary Oldman, precisa
se controlar e interagir, da maneira mais agradável possível, com as pessoas
que passam por sua vida. Tudo isso, ambientando na década de 30, durante a
Grande Depressão.
Para
dar um toque vivo, Fincher remonta o estilo cinematográfico da época. Tudo,
apesar de filmado no digital, possui um tratamento de película antiga. O som vem
de apenas um canal, assim como a trilha sonora. E é claro, o longa é em preto e
branco, utilizando apenas o contraste do claro e escuro. Assim, nossa experiência
é de total imersão na Hollywood, dos anos 30.
Sobre
a trama, é de se elogiar o não maniqueísmo do protagonista. Mank está longe de
ser o modelo de homem, ele é adúltero, alcóolatra e desagradável para as
pessoas. Mesclando passado e presente, o espectador consegue além de entender o
processo de “Cidadão Kane”, se sentir dentro dos bastidores da produção
do seu roteiro.
Porém,
o filme não consegue transmitir, por completo, o estudo de personagem que
propõe. Assim, entendemos mais a parte da Hollywood sendo usada como arma e as “Fake
News” que envolveram o filme, do que a cabeça de Mank. Para 2020, essa reflexão é
um prato cheio, porém não era o prometido pelo projeto.
Apesar
disso, é de se glorificar mais um excelente trabalho de Gary Oldman, que
transmite bem o protagonista defeituoso, mas genial. Os coadjuvantes também
merecem aplausos, em especial Amanda Seyfried, que vive Marion Davies, uma
mulher carismática e que confia muito no seu trabalho.
Um detalhe importante que deve ser falado, especialmente para quem ainda assistirá
o filme, é a necessidade de o espectador ter visto “Cidadão Kane”,
além de entender o noticiário da época. A subtrama envolvendo a “rivalidade” entre
Mank e Welles só é aplaudida, caso o espectador saiba de toda polêmica,
envolvendo os créditos da obra.
Com
uma técnica impecável, “Mank” é uma bonita homenagem ao cinema, e seu
poder de ser influência e/ou ser influenciado pela sociedade, onde é inserido. Porém,
ao seu fim, fica a sensação de que a jornada do protagonista necessitava de
algo a mais, e que o projeto ignora aqueles que não detém saber da importância de “Cidadão
Kane”, para o cinema.
Nota: 🌟🌟🌟🌟 (Ótimo)
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