Pular para o conteúdo principal

Mulher-Maravilha 1984 (Crítica)

observatoriodocinema.uol.com.br

Muitos vão dizer que é exagero, mas “Mulher-Maravilha 1984” é o filme perfeito para encerrar 2020. Num ano dominado pela pandemia, que nos tirou pessoas e diversões, que bom foi voltar ao cinema.


O filme conta com o retorno, na direção, de Patty Jenkins, que entendeu bem o contexto e se propôs a tentar transmitir uma mensagem esperançosa, de que o mundo ainda tem jeito. Mas todo esse belo discurso não funcionaria, senão tivesse, ao seu lado, uma narrativa amarrada, que abraça o carisma da personagem, se distanciando ao máximo do tom “Snyderiano”, visto no filme anterior.

 

É sempre bom lembrar que em 1941, o criador da Mulher Maravilha, William Moulton Marston, já ressaltava a personagem como um contraponto ao excesso de brutalidade, vista no resto dos super-heróis. Aqui, temos uma super-heroína com o princípio básico da função: Altruísmo.

 

Assim, Diana (Gal Gadot) volta as telonas, agora nos anos 80, trabalhando num Museu, em Washington, vivendo uma vida comum, embora solitária. Para combater o tédio, a Mulher-Maravilha, nas horas vagas, salva crianças de um atropelamento, pessoas de um assalto e qualquer outra situação de perigo imposto.

 

Apostando na leveza, o filme acerta em cheio. Melhor ainda, quando temos a volta de Steve Trevor (Chris Pine), que exala carisma ao lado de Gadot. Agora, ele é o “fora do contexto”, que precisa da amada, para se situar no presente, mais precisamente em 1984.

 

O perigo, ou melhor, os vilões são representados pela colega de Diana, Barbara Minerva (Kristen Wiig), e Max Lord, executivo, interpretado por Pedro Pascal. Enquanto Pascal acerta o tom, inclusive surpreendendo, ao colocar camadas, no que parecia apenas um “Donald Trump caricato”, Wiig é irregular. Sua motivação é o velho clichê da inveja, algo já recorrente no cinema de super herói. Mesmo assim, no quesito interpretação, ela tira mais do que o texto oferece.

 

Na ação, o filme decola. Dinâmico, a facilidade com que Diana desarma os oponentes, usando do sarcasmo, é divertido. Aliado a isso, o toque de aventura, meio “Indiana Jones”, na questão da “busca pelo artefato”, ajuda o ritmo da trama.

 

A escolha dos anos 80, como ambientação, foi acertadíssima. Como Jenkins declarou, em entrevistas, temos a época em que o mundo revelou o que teve de melhor e pior, ao mesmo tempo.

 

E “Mulher Maravilha 1984” termina, resumindo tudo com uma grande mensagem de esperança, que combina, perfeitamente, com o planeta em que vivemos. Aliada a um bom questionamento: Será mesmo que sabemos o que queremos?

 

 

Nota: 🌟🌟🌟🌟 (Ótimo)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Esposa (Crítica)

g1.globo.com “A Esposa” é o exemplo clássico de um filme comum, que tem uma história simples e nada edificante, mas que cresce com uma grande atuação, que nesse caso é Glenn Close. Aqui, Close entrega uma personagem magnífica e explosiva, utilizando-se da luta do feminismo, que cresce bastante nos últimos anos. A história do filme foca no casal Joan e Joe Castleman (Close e Jonathan Pryce). Ele é um escritor bem sucedido e aclamado, e ela, aos olhos da sociedade, é apenas a esposa. Entretanto, quando Joe está prestes a ganhar o Nobel de Literatura, a relação chega ao estopim. O longa foca nos momentos chaves da vida do casal, utilizando-se também de flashbacks , para mostrar o porquê da personalidade de cada um dos dois. Vemos como eles se conheceram, onde ele era um professor casado e ela, uma estudante sonhadora. Isso bate em cheio com o pensamento dela atual, de que se arrepende do caminho que trilhou ao lado do marido, como uma mera esposa, largando de vez sua carrei...

007 - Sem Tempo para Morrer (Crítica)

olhardigital.com.br É quase um consenso que para ser um 007 básico, você precisa de um terno preto, gravata borboleta, manusear bem armas, cabelo cortado e um charme próprio. Ainda assim, é possível dar originalidade a cada adaptação. Prova disso está no influenciador Sean Connery, no “sexy” Pierce Brosnan e no emotivo Daniel Craig, que fizeram com que a franquia pendurasse tanto tempo, entre nós. Vendido como a despedida de Craig no papel, “007 – Sem Tempo Para Morrer” começa com um Bond querendo se aposentar. Vivendo na Jamaica, junto de sua amada Madeleine (Léa Seydoux), James precisa voltar a ativa, quando é solicitado por Felix Leiter (Jeffrey Wright), membro da CIA. Leiter precisa que Bond o ajude a combater uma ameaça global, liderada por Lyutsifer Safin (Rami Malek), que está desenvolvendo uma tecnologia que pode destruir a humanidade. Além de Safin, Bond ainda precisa deter a Spectre, organização lá do filme anterior, que permanece na ativa. Aumentando ainda mais ...

Nada de Novo no Front (Netflix) – Crítica

cnnbrasil.com.br Como diria o filósofo francês Jean-Paul Sartre: “Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem” . Partindo dessa visão mais perversa da Guerra, surge “Nada de Novo no Front” , filme alemão épico de guerra da Netflix. Baseado no romance homônimo, de Erich Maria Remarque, o longa foca-se na história de Paul Baumer (Felix Kammerer), um jovem que acaba de chegar no exército alemão. Devoto fervoroso ao sentimento de patriotismo, ele nem imagina o que irá ter que passar, para que sobreviva, durante a Primeira Guerra Mundial. Essa surpresa vem muito pelo fato de estarmos diante da primeira grande guerra. Ou seja, os soldados, até então, não possuía um mínimo de ideia do que enfrentariam pela frente, já que só se ouvia as “glórias”, relatadas por seus superiores. Esse Ultranacionalismo, que é vendido, é posto, no filme, em todo o primeiro ato. Visivelmente em tela, a fotografia é esplêndida, focando no deslumbre de jovens sonhadores, que se veem...