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O Som do Silêncio (Prime Video) – Crítica

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O que é o silêncio para você? São inúmeras vertentes, que você pode se apegar, seja pelo lado da religião, algo como a paz, ou segredo, solidão, entre outras definições. O diretor, estreante, Darius Marder traz “O Som do Silêncio”, novo lançamento do Prime Video, que permite ampliar esse debate.

 

A história é concentrada na vida de Ruben (Riz Ahmed), um baterista, que vai perdendo sua audição, aos poucos. Ao seu lado, ele conta com Lou (Olivia Cooke), sua namorada, que toca ao lado dele, numa banda de rock. O casal mora num trailer e viaja, em turnê, por todo país, fazendo pequenos shows. Porém, a surdez de Ruben aumenta, fazendo com que a dupla interrompa seu cronograma e vá procurar atendimento médico.

 

Daí, vem o pontapé de toda jornada: Ruben descobre que perdeu 80% da audição. E para dar peso ao drama do protagonista, o diretor, antes da revelação, faz de tudo para destacar os pequenos sons, que compõem o nosso dia a dia, seja o liquidificador, a cafeteira, até a respiração cansada, após uma corrida. Já no atual momento, a aposta é no espectador, que assim como Ruben, não consegue mais, escutar, perfeitamente, o que os seus interlocutores falam.

 

Voltando a história, Lou consegue convencer Ruben a procurar uma comunidade de surdos. Lá, ele conhece Joe (Paul Racii), o líder de um grupo, que perdeu a audição na Guerra do Vietnã, e decidiu montar uma comunidade, onde outros, que sofrem do mesmo problema, aprendem a lidar com a nova realidade.

 

O destaque do longa vai para o design e a mixagem de som, onde o diretor faz com que o espectador se sinta, cada vez mais, aflito e ansioso, pois compartilha da mesma dificuldade que Rubén está passando. Outra evidência positiva está quando o protagonista precisa se relacionar com os outros surdos. Tudo acontece por linguagem de sinais, e o filme não nos dá legenda, assim embarcamos na jornada de Rubén, em aprender um novo tipo de comunicação.

 

Abraham Marder, irmão do diretor, também estreante em longa-metragem, fica responsável pelo roteiro. Tendo duas horas de duração, a relação de Ruben com Lou, Joe, e com os outros da comunidade, são colocadas de maneira estruturada e bem explicada.

 

Outro grande elogio vai para dupla Riz Ahmed e Olivia Cooke. Ambos transmitem duas excelentes atuações. Enquanto Ahmed retrata bem o homem fechado e introspectivo, Cooke foge do habitual, que estamos acostumados a vê-la, tendo um crescimento exponencial, no drama, durante o filme.

 

“O Som do Silêncio”, certamente, figura na lista de melhores filmes do ano, por conseguir acertar em cheio na proposta. Proposta essa de expor um enfrentamento, em virtude de uma questão tão pouco debatida, que é a surdez, aliada ao problema das drogas.

 

Apostando no amadurecimento, o diretor prova que o silêncio, muitas vezes, vale mais que mil palavras. Sem contar, que o final, fugindo do óbvio, coroa as excelentes escolhas desse projeto.

 

 

Nota: 🌟🌟🌟🌟🌟 (Excelente)

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