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Malcolm & Marie (Netflix) – Crítica

jornadageek.com.br
 

Vindo do sucesso da série “Euphoria”, o diretor Sam Levinson pode mais uma vez mostrar sua personalidade, num novo roteiro, que também se vende um pouco mais abrangente. “Malcolm & Marie” é um filme limitado, no sentido de produção, por contar com apenas um cenário e seus dois atores, Zendaya e John David Washington, onde sua força está no texto.


Além da boa participação da dupla, Levinson mostra também que consegue transmitir bem sua visão, muitas vezes, sem a necessidade de utilizar de texto, somente na construção do ambiente. O filme é uma história de casal, onde os dois estão ali, procurando lembrar de suas memórias, principalmente as negativas, e colocar tudo para fora, no intuito de tanto reconhecer seus defeitos, quanto expor os do parceiro. É um ataque/contra-ataque frenético.


É bom recomendar ao leitor, que o peso de vir, pouco tempo depois, de “História de Um Casamento” (2019), não deve ser levado em conta. Na aventura da vez, Levinson procura o caráter teatral, utilizando-se mais da verborragia.


O foco maior está no diálogo, muito pelo aproveitamento do ambiente restrito, que no caso, trata-se de apenas uma casa. Mesmo assim, o diretor é criativo ao utilizar-se muito bem dos movimentos de câmera, que apesar da limitação do espaço, gera o distanciamento que os personagens provocam a si mesmos.


“A lavação de roupa suja” do casal é feita durante todo o período do filme. Assim, é fácil perceber que o diretor não quer, nenhum um pouco, transmitir empatia aos seus protagonistas, apenas insatisfação ao público.


Na questão das interpretações, os dois funcionam bem. Enquanto Zendaya faz de sua Marie, uma mulher que luta para expor o que incomoda, temos Washington, em seu Malcolm, tentando equilibrar a sua vida profissional e pessoal. Tudo acaba girando na dificuldade de ambos em se colocarem no lugar do outro.


“Malcolm e Marie” mostra que Levinson domina bem a direção e o texto, utilizando bem a grande força do longa: Sua dupla protagonista. Se tem algo negativo, é de se notar que o modo teatral e a ausência de transição de tempo, faz com que o texto seja, em alguns momentos, cansativo e parecer que não vai para lugar algum. Porém, isso é retomado com a bonita entrega dos protagonistas.


Trata-se de um filme íntimo. E isso pode ser bom ou ruim, dependendo do espectador.



Nota: 🌟🌟🌟🌟 (Ótimo)

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