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“Dois
Estranhos” ganhou muita fama, após sua
indicação na categoria “Melhor Curta-Metragem”, no Oscar. Tendo 32 minutos de
duração, e sendo dirigido pela dupla Travon Free e Martin Desmond, conferimos
um excelente exercício de debate para violência policial, aliado ao racismo, do
dia a dia.
Repetindo
a fórmula batida do “Dia da Marmota”, o curta, ainda sim, consegue se reinventar.
Aqui, embarcamos na história do cartunista Carter (Joey Bada$), que ao se
encaminhar de volta para a casa, é morto, após uma abordagem agressiva de um
policial, na rua. Após o incidente, ele acorda no mesmo dia e revive todo o
trauma, de forma cíclica.
Para
tentar fugir desse ciclo, Carter apela para mudanças de trajeto, vestuário,
jeito de andar, até mesmo puxar papo com o policial. Porém, todas as vezes, o
plano dá errado e ele é morto.
A
repetição, inclusive, exemplifica que esse tipo de crime não é um caso isolado,
mas sim um exercício sistemático, gerado por um problema profundo, no sistema
policial.
O
filme, também, mostra que não é um caso de fácil resolução. O protagonista apela
em diversos tipos de abordagens para escapar, chegando a tentar estabelecer uma
conexão humana com o policial. Tudo em vão.
E
para quem já pensa no caso George Floyd, e em outros que contam com vítimas de
violência policial, nos Estados Unidos, o curta traz uma fala de Carter, que
confirma a teoria:
“Vocês
investigam nossos bairros demais e nos punem demais, nos prendem para sempre
por bobagens que são brincadeira para os brancos”.
O
curta é impecável. Porém, fica aqui o aviso de que também pode ser um gatilho perigoso
para pessoas negras, pois a violência é bastante realista.
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