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Se pensarmos em uma nova
geração de diretores cinematográficos, a lista já chega de bate-pronto: Jordan
Peele, Damien Chazelle, Ryan Coogler e cia. Nesse embalo, um nome feminino vem
ganhando muita força também, chamado Chloé Zhao.
Todas as atenções estão
voltadas para sua futura produção no Marvel Studios, os “Eternos” (2021),
onde ela vai ter que lidar com a responsabilidade de trazer as telonas uma das
maiores obras do quadrinista Jack Kirby, na editora de quadrinhos.
E para quem duvida da capacidade
da diretora, sua filmografia, apesar de curta, já carrega personalidade. Em
seus longas, vemos que ela gosta de usar não atores, com o objetivo de dar veracidade
as histórias que serão passadas. Nesse embalo, o terceiro filme da diretora, “Nomadland”,
segue essa receita à risca.
Indo um pouco na contramão,
a obra em questão tem sua maior força numa estrela já conhecida, de Hollywood,
a querida Frances McDormand. Aqui ela vive Fern, uma viúva, que viu a fábrica,
onde trabalhava, fechar as portas. As consequências disso são as piores
possíveis, principalmente pela perda da sua moradia, o que faz com que essa
mulher precise se deslocar, frequentemente, em busca de um novo lar.
Tudo isso é bem apresentado
no primeiro ato, deixando o restante da história focando no nomadismo, que dá
nome ao filme, adotado por Fern, que só tem sua Van para chamar de casa.
Inspirado no livro “Nomadland: Surviving America in the Twenty-First
Century”, escrito por Jessica Bruder, Zhao traz sua direção para mais próximo
do realismo, inclusive tendo 90% do elenco interpretando a si mesmo.
Mesmo inexperiente, todos
são naturais e trazem uma autenticidade ao filme, que, naturalmente, imerge o
espectador. Com dez minutos de longa, você já se sente pertencente a este mundo.
Assim, o longa se apresenta
como um Road Movie, mas que não tem o final da jornada como o mais
importante, mas sim o passo a passo, e as transformações que a protagonista
sofre, ao decorrer da trama. Nisso, o ritmo é mais cadenciado, o que pode desagradar
alguns espectadores, mas que acaba fazendo jus com o que é retratado.
Chloé Zhao não se limita
somente a direção, mas como também assina o roteiro e a edição, resultando num
controle 100% total da obra. No aspecto mais técnico, vemos que Zhao gosta de
criar uma sensação imersiva a história proposta. Tudo é cadenciado, para nos
jogar para dentro da jornada.
Mas, como já mencionado, a
maior força está na atuação de Frances McDormand. Fern, sua personagem, é o
mais íntimo possível. Ela carrega uma melancolia, resultada das tristezas da
vida, que podem ser vistas no olhar, e na expressão pesada imposta por McDormand,
em sua atuação.
Nessa jornada mais
intimista, podemos criar um laço maior a essas pessoas (que se mostram mais que
personagens). Com o fim do longa, aprendemos que o estilo de vida nômade, apesar
de parecer estranho, foi bem apresentado e entendido. E o mais importante, sem
louvá-lo ou criticá-lo, apenas sendo sincero. Onde encontramos histórias
felizes e tristes, ao mesmo tempo.
Talvez, Chloé Zhao tenha acertado
em apresentar, com paciência, aquilo que mais necessitamos, nos últimos tempos:
Entender a humanidade, que existe em cada um de nós.
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