Pular para o conteúdo principal

Vozes e Vultos (Netflix) – Crítica

cafecomnerd.com.br

A base fundamental para um filme de terror é nos causar medo. Não importa se através de sustos, ou apenas na finalidade de gerar aflição. Pena, que muitos longas se propõem a fazer isso, mas não atingem a plenitude, nas suas performances.


Esse problema pode ser exemplificado em “Vozes e Vultos”, novo longa da Netflix, que mira no terror, mas acerta no drama. Tanto, que os lados positivos do filme, principalmente, no seu aspecto técnico, são ofuscados pelo roteiro pobre.


O enredo se passa nos anos 80, focando numa artista, chamada Catherine (Amanda Seyfield), que descobre que seu marido, George (James Norton), conseguiu um emprego, como professor, numa pequena faculdade, do interior, o que faz com o que o casal precise se mudar.


Embora a casa nova pareça a dos sonhos, aos poucos, ela começa a suspeitar que há um fantasma habitando na propriedade, ao mesmo tempo em que seu casamento começa a passar por problemas.


Conforme o lado sobrenatural vai tomando conta da trama, o público é convidado a imergir na cabeça de Catherine. Ela começa a se sentir isolada e sem confiança no marido, que se mostra, cada vez mais, ausente e egoísta. Sobre esse aspecto, é de se elogiar a entrega de Amanda Seyfield, que carrega bem o papel, mesmo que falte desenvolvimento, no aspecto de roteiro.


Outros dois pontos positivos do filme estão na direção e na fotografia. Ambos se juntam na intenção de transmitir, ao espectador, uma sensação de confusão e medo, que envolve os personagens.


Indo de fato ao roteiro, “Vozes e Vultos” peca. Não sabendo qual tema principal abordar, já que o mesmo tenta abraçar inúmeros. O filme erra também na falta de originalidade. Ainda que a questão do feminicídio seja importante de ser debatida, aliar ela ao sobrenatural já virou algo clichê, pois, nos últimos anos, foi bastante utilizada, em outros filmes do gênero. Ou seja, o maior erro aqui, está na falta de originalidade.


A trama, inclusive, é bastante previsível, pois em quase todas as cenas, nós já sabemos no que se dará e como será resolvido. Até mesmo o lado da arte, que é prometido, no início, se perde nas mensagens rasas. O público espera ser surpreendido, mas o filme acaba e ficamos em vão.


Passando longe da proposta do horror, “Vozes e Vultos” promete muito e entrega quase nada.



Nota: ⭐⭐ (Ruim)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Artemis Fowl: O Mundo Secreto (Crítica)

canaltech.com.br A Disney quer, por que quer, trazer uma franquia nova, focada no misticismo. Depois de “Uma Dobra no Tempo” (2018), a aposta está em  “Artemis Fowl: O Mundo Secreto” . Mas o problema persiste. Com a assinatura de Kenneth Branagh, a obra tenta adaptar os dois primeiros volumes da famosa série literária, escrita por Eoin Colfer. O filme parte da história de Artemis Fowl (Ferdia Shaw), um garoto de 12 anos, muito inteligente (pelo menos, é o que filme tenta nos contar), que acaba descobrindo um segredo da sua família, e precisa embarcar numa jornada mágica. A maior falha, sem dúvida, está na premissa. O garoto, protagonista, não demonstra, em momento algum, sua habilidade na arte criminal. Ao invés disso, o longa prefere apostar na imagem, deixando o texto de lado. E antes, que alguém venha defender esse tipo de proposta, temos que lembrar que o cinema é formado pelo estabelecimento de uma linguagem orgânica, entre imagem e qualquer outra coisa, for...

Freaks: Um de Nós (Netflix) - Crítica

deveserisso.com.br A Netflix parece querer mesmo construir sua própria franquia de super heróis. E a aposta do momento está em “Freaks: Um de Nós” . A “bola da vez” começa sua história de um close, onde é mostrado um olhar amedrontado, que provoca curiosidade ao espectador. A partir daí, somos convidados a seguir a caminhada de Wendy (Cornelia Gröschel), que possui uma vida simples, ao lado de sua família, e com seu trabalho estressante em um restaurante, onde sonha ganhar uma promoção. Porém, tudo muda quando um morador de rua a aborda, dizendo que sua vida pode ser mais do que aquilo. Independente da boa premissa, o filme muda de pauta, rapidamente. Resolvendo apostar numa metáfora, de que o uso de remédios impede o verdadeiro potencial de todos nós. Para piorar a situação, joga-se, sem muita explicação, várias referências aos quadrinhos e a mitologia grega, que não acrescenta em nada a trama, já confusa. Acentuando, ainda mais, seus erros, o longa alemão busca misturar u...

A Caminho da Lua (Netflix) - Crítica

liberal.com.br Após o grande sucesso de “Klaus” (2019), a Netflix resolveu, de vez, apostar em animações. O projeto do momento trata-se de “A Caminho da Lua” , que foca na perda e na própria aceitação, como os seus temas principais. Uma questão, que se deve ressaltar, é que essa animação é focada, prioritariamente, nas crianças. Portanto, não vá assistir “como um adulto”, pois a decepção pode ser grande. Outra característica é a utilização excessiva de canções, em formatos de esquete, que para quem não curta tanto o gênero Musical, pode incomodar. A premissa parte da história de Fei Fei, uma garota que, desde pequena, acredita no mito, contado pelo seus pais, sobre a Deusa da Lua. No meio disso, a menina perde sua mãe, e tenta, ao máximo, conservar sua crença como um símbolo, desse laço maternal. No meio disso, com o passar dos anos, seu pai pretende se casar novamente, assim, Fei Fei acaba ganhando um “irmão mais novo”, que se torna o responsável pelo lado cômico do filme. Nesse come...