Pular para o conteúdo principal

Luca (Disney+) – Crítica

melhoresdestinos.com.br


Quando um estúdio longevo, como a Pixar, se propõe a trabalhar apenas com narrativas originais, excluindo-se a possibilidade de adaptar, fica muito difícil não se repetir, focando mais na sua evolução tecnológica, ao invés da história. Porém, mesmo sem inovar, em conceito, é possível, pelo menos, manter a qualidade já apresentada. Isso, talvez, seja o que melhor define “Luca”, nova animação do estúdio.


A história é centrada no personagem-título, um monstro marinho, que vive nas profundezas, trabalhando como um “pastor de peixes”. Seu grande sonho é conhecer a superfície e, quem sabe, conseguir fazer a transição, habilidade da espécie em se transformar em humano, quando está longe da água.


Quem irá guiar Luca nessa aventura é Alberto, seu grande amigo, que além de lhe ensinar tudo sobre a vida humana, embarca junto na aventura do protagonista.


Embora o tema da busca do desconhecido, em detrimento de ter que desobedecer aos pais, não seja algo novo para uma Animação, temos que levar em conta que a função primordial desse tipo de narrativa é ser um entretenimento para família toda, especialmente para seu público-alvo, que no caso, são as crianças. Esse tipo de modelo, por sinal, foi o que fez a Pixar revolucionar o mercado.


E a melhor alternativa que o estúdio achou para manter isso, sem se tornar repetitivo, foi dar espaço a novos criadores. Claro, que aqui, temos que levar em conta o visual solar e bonito, que o filme possui, o que ajuda.


Fica ainda melhor, se pensarmos que o longa é dirigido pelo italiano Enrico Casarola, que se inspirou na sua vida real, quando passava suas férias com os amigos.


A parte técnica também não fica para trás. “Luca” utiliza-se muito bem das cores vivas do verão italiano. Embora, para a Pixar, falar de primor técnico é chover no molhado.


Talvez, se tivéssemos que destacar algum erro, seja na demora da narrativa em engrenar. O início é cadenciado, ao extremo, para construir a amizade de Luca e Alberto. Essa composição é colocada, no mínimo, em todo primeiro ato.


Porém, tudo muda com a chegada dos dois ao vilarejo de Portorosso, realçado pela chegada de Giulia ao grupo. A personagem cai como uma luva, na tentativa de ora contrapor, ora incentivar a fantasia de Luca, fazendo a história caminhar.


Assim, somando a beleza técnica com a narrativa fácil, “Luca” termina com um saldo bem positivo. Ainda que a trama seja batida, a Pixar sabe contar bem uma história, com humor leve e a emoção necessária. Afinal de contas, amizade é um tema inerente a qualquer idade.


Mesmo que seja repetitivo, “Luca” agrada a todos. E isso já vale.



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marcas da Maldição (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Mais de vinte anos, após a estreia de “A Bruxa de Blair” (1999), maior sucesso do gênero Terror com câmera na mão, a Netflix traz um novo filme com essa abordagem. O principal chamariz, para o longa dos anos 90, era a inauguração da onda de focar no uso de fitas abandonadas, com imagens de florestas assustador a s, onde habit avam maldições. Tentando retomar essa “ vibe” antiga, o diretor Kevin Ko lança seu “Marcas da Maldição” . O cineasta já é bastante conhecido, pelo talento de proporcionar “bons sustos” e criar uma atmosfera crescente, a partir de suas imagens. Em tela, é apresentado um ciclo, composto por pessoas curiosas, que se aproximam de lugares proibitivos, que acabam gerando situações amedrontadoras, como consequência as mesmas. Aqui, temos um grupo que tenta desmascarar casos sobrenaturais, para seu canal, no Youtube. Porém, eles acabam se envolvendo num ritual real, morrem e sobra apenas uma jovem mãe (Hsuan-yen Tsai), dos integrantes . ...

A Família Addams 2: Pé na Estrada (Crítica)

loucosporfilmes.net Só começar a música, que todos já começam a estalar os dedos. Nesse ritmo, chega, até nós, a sequência da animação de “A Família Addams” (2019), muito pelo sucesso desta primeira produção. Porém, o fator pandemia atrapalhou a MGM e Universal Pictures, na divulgação do longa. Mesmo depois de muita espera, “A Família Addams 2: Pé na Estrada” conseguiu chegar aos cinemas, e, infelizmente, não passa nem perto, em termos de qualidade, de seu antecessor. A aposta da vez foi colocar nossa adorável família viajando, pelos Estados Unidos. Pena, que toda essa tentativa de road movie familiar não tenha nada de memorável. Apesar de bons momentos, se pegos isolados, tudo fica inserido num grande remendo. Ao final da história, fica a sensação de que o trio de roteiristas (Dan Hernandez, Benji Samit e Ben Queen) achou que apenas a força de seus personagens já iria satisfazer o espectador. A principal característica da franquia, sem dúvida, é de colocar seus protag...

Beckett (Netflix) – Crítica

aodisseia.com Um velho artifício para se produzir uma história, que prenda o espectador do início ao fim, é escolher uma trama que envolva paranoia e teorias da conspiração. Nessa “vibe”, a Netflix aposta em “Beckett” , um thriller que promete. Beckett é o nome do protagonista, interpretado por John David Washington ( “Infiltrado na Klan” ), que está de férias com a namorada, April (Alicia Vikander), em Atenas, na Grécia. Durante a hospedagem, em um hotel, eles ficam sabendo de um protesto, que irá ocorrer próximo, e então decidem viajar, de carro, para o interior. Porém, durante o trajeto, o casal sofre um acidente. Beckett perde a esposa e ele acaba vendo um menino ruivo, antes de desacordar. Depois de ser resgatado, Beckett se vê caçado, sem saber o porquê, e precisa lutar para chegar à embaixada americana, em Atenas. A direção de “Beckett” é comandada por Ferdinando Cito Filomarino, e possui dois grandes arcos. O primeiro foca mais nas férias felizes do casal protagoni...