Pular para o conteúdo principal

Viúva Negra (Crítica)

cinepop.com.br

Natasha Romanoff já pedia um filme solo, há muito tempo. Scarlett Johansson encarnou a personagem, na Marvel, e foi ganhando espaço até o seu fim impactante, em “Vingadores: Ultimato” (2019). Em 2021, finalmente, “Viúva Negra” chega aos cinemas, mesmo que não explore, de fato, a espiã.


O longa começa até bem, ao tentar retornar ao passado de Natasha, tentando entender o que motivou a vida dessa heroína, e ainda trazer uma boa discussão, apesar de jogada, sobre libertação feminina. A ideia parece ser clara: Dar a Johansson um adeus digno.


Porém, tudo isso é colocado no mais genérico padrão do MCU. Ao invés de se jogar e aproveitar o protagonismo e a direção feminina, o estúdio joga no seguro, tentando “fingir” se tratar de um “Capitão América e o Soldado Invernal” (2014). Porém, aqui não temos a energia necessária para isso.


Em “Viúva Negra”, Natasha volta as suas origens, mais precisamente, perto de sua “pseudo-família”, com quem passou a infância. Situando-se após os acontecimentos de “Capitão América: Guerra Civil” (2016), Natasha reencontra sua irmã, Yelena, que a recruta para uma missão de salvar outras mulheres, vítimas do programa da Sala Vermelha.


Aqui, já temos o primeiro problema: Como abordar abuso, num projeto da Disney? “Viúva Negra” aposta na sensibilidade, porém a simplicidade não convence, no terceiro ato. Apesar de importante, o tema abuso parece muito superficial, e poderia ter sido trocado, naturalmente, para a aposta de uma jornada de autodescobrimento, que parecia ser a melhor escolha.


Ainda que o tema não seja uma surpreendente escolha, o maior erro não é esse. Mas sim, na direção que não traz nada do feminino, necessário. Cate Shortland, diretora do filme, não consegue expor a verdadeira força da mulher. Nisso, produções como “Mulher Maravilha” (2017) e “Aves de Rapina” (2020) são bem mais necessárias, em termos de discussão.


Mas nem só de tribulações passa “Viúva Negra”. E o principal acerto, sem dúvida, está na atuação de Florence Pugh, como Yelena. Sua personagem funciona como um belo contraponto a Natasha. Enquanto, Natasha é a nossa herdeira responsável dos Vingadores, Yelena é mais explosiva.


Inclusive, a interação da duas é ótima. Pena, que o MCU demorou tanto para explorar as raízes de Natasha.


Com participações menores, mas não menos importantes, temos David Harbour e Rachel Weisz completando a família de espiões. Harbour, apesar de exagerar no humor, em alguns momentos, ganha a ajuda de Pugh, em uma sequência específica, que mostra a verdadeira importância do seu papel.


O tão esperado confronto entre Viúva Negra e Treinador fica na média. A revelação da identidade do personagem é até boa, mas poderia ter tido um carinho maior. Na parte física, a luta dos dois não chega aos pés do excelente confronto entre Yelena e Natasha, no começo do longa.


“Viúva Negra”, como filme, termina sem nenhuma grande surpresa. Fica difícil avaliá-lo sem o peso de se tratar de um longa ultrapassado. Talvez, fique a lição para que o estúdio tenha aprendido, em como desenvolver suas personagens femininas. Tomara!



Nota: ⭐⭐⭐ (Ok)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Arremessando Alto (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Embora tenha sucesso, de público diga se passagem, nas comédias, o ator Adam Sandler já não causa mais surpresa quando aposta em projetos mais dramáticos. Aliás, essas escolhas, geralmente, são acertadas. Ele já trabalhou com diretores do alto gabarito, como Paul Thomas Anderson ( “Embriagado de Amor” ), os Irmãos Safdie ( “Joias Brutas” ), Noah Baumbach ( “Os Meyerowitz” ), Jason Reitman ( “Homens, Mulheres e Filhos” ). Todos esses exemplos, longe da sua produtora, Happy Madison . Apesar da desconfiança, “Arremessando Alto” pode ser a exceção que confirma a regra, de que Sandler “não dá certo” produzindo e atuando, ao mesmo tempo. O filme, recém-lançado, na Netflix, traz um Adam Sandler mais próximo do real, já que o ator é um fã confesso de basquete. “Arremessando Alto” é dirigido por Jeremiah Zagar ( “We The Animals” ), e traz Sandler na pele de Stanley Surgerman, um olheiro do Philadelphia 76ers, tradicional clube da NBA, a principal Liga de Basquete Am

Continência ao Amor (Netflix) – Crítica

tecmundo.com.br “ Continência ao Amor” , sem dúvida, pelo menos, em termos de popularidade, é um dos maiores sucessos da Netflix, no ano. Liderando por semanas, em visualizações, o filme é do gênero romance, e apela para tropes básicos como: um casal formado por opostos, inicialmente precisando fingir um relacionamento, porém desenvolvendo maiores sentimentos. A direção é comandada por Elizabeth Allen Rosenbaum, experiente em produções focadas no público jovem. Aqui, ela, pela primeira vez, tenta trazer uma obra, um pouco, mais dramática, enquanto equilibra uma série de clichês. Embora tenha até êxito nisso, a primeiro momento, os desdobramentos, desse aspecto mais sério, não acompanham a narrativa. Na trama, em si, conhecemos Cassie (Sofia Carson), uma jovem latina e liberal, que encontra Luke (Nicholas Galitzine), um rapaz militar e conservador, que possui uma relação distante com seu pai. No sentido de apresentação de seus personagens, até que o filme funciona. O bás

Ghostbusters: Mais Além (Crítica)

cinepop.com.br Mais do que fantasmas, os cinéfilos tinham medo eram das continuações de “Caça-Fantasmas” (1984), que no filme original era estrelado por Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Erine Hudson, com direção de Ivan Retiman.   Depois de tantas decepções, em suas sequências, será que precisaríamos de mais uma? A Sony acreditava que sim, e lançou “Ghostbusters: Mais Além” , que tenta homenagear o original, mas também seguir em frente, como o possível início de novas aventuras.   Na trama da vez, iniciamos com uma mãe viúva e seus dois filhos sendo obrigados a se mudarem, para uma casa isolada, no interior. Localizada na fazenda do avô das crianças, se descobre que o local possui uma ligação com o Universo dos Caças-Fantasmas.   A direção de “Ghostbusters: Mais Além” fica a cargo de Jason Reitman, filho do diretor dos originais, que recebe a incumbência de retomar a franquia do pai. Embora pareça apenas uma escolha pelo parentesco, é importante ressaltar que ele vem de traba