“A Jornada de Vivo”
trata-se de uma animação, dedicada mais ao público infantil, com excelente
trabalho gráfico, focando no intercambio Cuba-Estados Unidos.
Se mostrando, desde o início
como um musical, Lin-Manuel Miranda, já conhecido pelos fãs do gênero, traz
suas canções latinas, em cima de cenários ensolarados, no maior clima das Américas
(fora os EUA), possível. O problema está em focar muito na ambientação, e
deixar de lado a história, principalmente, se tratando de um filme de 103
minutos.
Vindo do teatro musical, Lin-Manuel
Miranda já está acostumado a misturar o rap com inúmeros ritmos dançantes,
embalados nos inúmeros conflitos de personagens, realizando grandes monólogos.
Essa fórmula, inclusive, foi a grande responsável pelo sucesso de “Hamilton”
(2015).
Porém, na animação da vez,
ele falha. Aqui, em vez de partir para a simplicidade, acaba se entregando canções
longas e explicativas, ao máximo. Isso faz com que a narrativa crie
conveniências exageradas, com resoluções infantis (no sentido ruim da palavra).
O resultado só não é mais trágico, porque o primeiro ato é impecável, onde se
apresenta, de maneira rápida e singela, uma premissa tocante, que debate temas
como amor, tempo e morte.
Vivo (Lin-Manuel Miranda),
nosso protagonista, é um jupará que dança, em parceria com o músico de rua,
Andrés Hernández (Juan Marcos González). Vivendo, de forma alegre, em Cuba, o
seu mundo desmorona, quando uma carta enviada por Marta Sandoval (Gloria Estefan),
uma estrela da música do país e grande amor de Andrés, chega e o convida para
uma apresentação, em dueto, em Miami.
Porém, o que já era
desagradável para Vivo piora, quando Andrés morre, antes da viagem, deixando a
missão de levar sua música, para os Estados Unidos, nas mãos do nosso
protagonista.
Para ajudá-lo, ele contará
com Gabi (Ynairaly Simon), sobrinha-neta de Andrés, que mora com sua mãe, Rosa
(Zoë Saldana), na Flórida. Tudo isso, ressaltado no primeiro ato, ainda,
confunde mais o espectador, já que a direção, de Kirk DeMicco (“Os Croods”),
e o roteiro, da dupla Peter Barsocchini (“High School Musical”) e Quiara
Alegría Hudes (“Em Um Bairro em Nova York”), não possui um foco.
O segundo ato, por exemplo,
é repleto de situações desnecessárias, que além de não agregarem em nada, tiram
tempo da relação entre a dupla protagonista. Sobra para o talento musical de
Miranda compensar tudo, dando um respiro para a jornada.
O design florido e vivo dos
personagens e do cenário também alivia o roteiro inchado, mostrando-se a
principal força de “A Jornada de Vivo”. Porém, tudo isso não compensa a
narrativa medíocre.
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