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Quanto Vale? (Netflix) – Crítica

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Uma antiga lenda do mundo cinematográfico dizia que um roteiro médio, nas mãos de um grande elenco, poderia se transformar em algo maior.


Talvez isso não seja uma ciência exata, pois já vimos várias produções decepcionarem, apesar de uma escalação estelar. Mesmo assim, sabemos que a escolha certeira de atores de renome, já facilita muito o trabalho do produtor e do cineasta.


Isso pode ser exemplificado pela diretora Sara Colangelo, em seu mais recente filme, “Quanto Vale?”, disponível no catálogo da Netflix, e que conta com nada mais que Michael Keaton e Stanley Tucci, no elenco.


Ambos, inclusive, dividiram cena, anteriormente, em “Spotlight – Segredos Revelados” (2015), dirigido por Tom McCarthy, que lhes renderam um Oscar, de Melhor Filme. E as coincidências não param por aí, já que ambos funcionam com uma exaltação de um serviço prestado para sociedade, utilizando uma linguagem direta.


A trama é localizada após os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono, em 2001, onde o Congresso dos EUA nomearam Kenneth Feinberg (Michael Keaton), um advogado, como o responsável por criar/administrar o Fundo de Compensação às Vítimas da tragédia.


Junto da sócia Camille Biros (Amy Ryan), Feinberg precisa enfrentar diversos percalços até conseguir cumprir a tarefa, de determinar o valor de cada vida, que servirá como base para o que será oferecido, como auxílio, para às famílias que tiveram um baque incalculável.


Para reforçar a dificuldade, que Feinberg terá, aparece Charles Wolf (Stanley Tucci), um organizador comunitário, que perdeu a esposa, no atentado, e cobrará, até o final, o que ele acredita ser justo.


Apostando, totalmente, na visão de seu protagonista, interpretado brilhantemente por Michael Keaton, “Quanto Vale?” avança sua história, num ritmo constante e não se deixa cair para o sentimentalismo barato.


Keaton retrata um homem frio, que usa a razão como chave de seu profissionalismo, acima de qualquer dor. Porém, ele precisa rever seus conceitos, já que nunca esteve em tal posição semelhante, tendo que lidar com famílias enlutadas, em contraposição a um governo quebrado, economicamente.


Apesar de inúmeros acertos, em sua narrativa, “Quanto Vale?” comete alguns erros, principalmente, ao privilegiar algumas histórias, em detrimento de outras.


Mesmo assim, o longa acerta, ao ser claro em sua denúncia contra as instituições estatais, que, muitas vezes, tratam seus cidadãos como números, sem ouvir suas verdadeiras demandas.


Pelo menos, ao final, “Quanto Vale?” cumpre sua principal promessa, de provocar o espectador a não enxergar as vítimas, de grandes tragédias, como registros, mas como seres humanos.


Provavelmente, isso já basta para sairmos do filme, melhor do que entramos.



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

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