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O cinema sempre se caracterizou
pela exploração dos estereótipos exagerados, por muitas vezes falsos, dados aos
homens e mulheres. Seja pelo lado masculino excessivo, focando na sua falta de
compromisso, como em “Se Beber, Não Case” (2009), seja no padrão
feminino de colocar o casamento acima de tudo, como em “Orgulho e
preconceito” (2005).
Embora lutemos para
diversificar esses estilos, há um papel social, exclusivamente, posto a mulher:
ser mãe. Não que sejam obrigadas, porém só elas podem relatar o sentimento
provocado por tal situação, dado o esforço. Sobre a exclusividade da função da
maternidade gira “O Fio Invisível”, novo filme da diretora Claudia Llosa.
Adaptando a história do livro
“Fever Dream” (2014), Samanta Schweblin, também autora da obra original,
assina o roteiro, que tem como protagonista Amanda (María Valverde), uma mulher
que começa a história estranhando o fato de estar numa mata, sendo puxada por
um garoto. Com o tempo, descobrimos que ele é David (Emilio Vodanovich), que
narra a história, fazendo perguntas para ela.
Outro detalhe a se colocar é
que David é filho de Carola (Dolores Fonzi), uma mulher que também foi amiga de
Amanda, no passado, e participará ativamente da trama. Tal amizade é
mostrada como uma relação mútua de duas mães, que se veem conectadas pelos seus
filhos.
Tudo isso é jogado ao espectador,
ao meio de enigmas, que cadenciam toda a trama. Apesar de ser vendido como um
terror, o longa se caracteriza mais como um drama misterioso, onde sua principal
valência está na curiosidade gerada ao público, que tenta decifrar qual a relação
entre o trio protagonista.
Nisso, o filme é exposto de maneira
lenta, e que pode afastar muitos espectadores, que não tenham tanta paciência de
se envolver com seus personagens. Nem mesmo a estrutura de três atos é tão
perceptível, pois o ritmo é tão vagaroso, que o filme não se apressa.
Essa lentidão só não se
torna um problema maior, pois María Valverde e Dolores Fonzi trazem, em suas protagonistas,
interesse junto a um emocional convincente, com muita intensidade.
Porém, o foco poderia ser exclusivo
nas duas mulheres. O que não ocorre o tempo todo, já que o filme simula querer
entrar em discussões envolvendo o ecossistema e a relação do humano com a natureza,
mas sem a mesma profundidade do tema principal. Daí, fica a pergunta: Por que
mostrar algo, que você não terá tempo de desenvolver?
A força feminina é um grande
destaque positivo de “O Fio Invisível”, porém se o ritmo fosse um pouco
mais rápido e não se abrisse tantas camadas, que não seriam fechadas, o filme poderia
ser mais objetivo e eficiente, em sua proposta inicial.
Nota: ⭐⭐⭐ (Ok)
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