Pular para o conteúdo principal

7 Prisioneiros (Netflix) – Crítica

herdeironerd.com


Muitos estudiosos afirmam que quando uma sociedade passa muitos anos vivendo em um estado de miséria, seja na área que for, ela, aos poucos, pode passar a ignorar tais problemas e não ver tanta urgência nas resoluções, pois perde a esperança.


Uma dessas realidades é a escravidão vinda de um trabalho análogo, que é muito bem retratada em “7 Prisioneiros”, novo filme nacional da Netflix. O longa traz uma história impactante, levantando uma discussão muito pouco falada, o que dificulta bastante seu combate.


Na trama em questão, conhecemos Mateus (Christian Malheiros), que deixa sua cidade, no interior, após ganhar a oportunidade de um bom emprego, que pode ser o que faltava para ajudá-lo, na tentativa de tirar sua família da miséria. Chegando em São Paulo, ele descobre que irá trabalhar num ferro-velho, gerido por Luca (Rodrigo Santoro).


Entretanto, aos poucos, o clima agradável do local vai desaparecendo. Mateus descobre que Luca não contratou ele e seus colegas, mas sim os comprou de suas famílias, que receberam dinheiro, sem saber do que se tratava. Devendo, os jovens precisarão trabalhar para quitar o calote. Melhor dizendo, todos eles caíram num golpe.


Com péssimas condições de trabalho, e não conseguindo sair do estabelecimento, os sete jovens acabam entrando em um regime de escravidão. Luca gerencia tudo de forma violenta, andando sempre armado.


O filme cresce mesmo quando Mateus começa a tentar se aproximar de Luca, na tentativa de salvar seus colegas. Porém, o poder vai corrompendo nosso protagonista e o coloca numa situação complicada, o que conduz todo o espectador no drama, visto pelo seu olhar.


A direção de Alexandre de Moratto é sutil o suficiente, para posicionar bem o espectador na pele do seu personagem principal. O roteiro, também assinado por Moratto, em parceria com Thayná Mantesso, constrói uma boa situação de oposição entre todos.


A fotografia de João Gabriel de Queiroz é suja, reforçando o pior lado do sistema. O tom pastel incomoda o espectador, lembrando todo o aspecto degradante do cenário.


No elenco, destaque para a Christian Malheiros e Rodrigo Santoro. Malheiros desenvolve bem seu personagem. A evolução do tal é visível, em tela. Já Santoro vai além do antagonista malvado, ao imprimir traços de humanidade no próprio, gerando, em alguns momentos, conexão de Luca com o espectador.


É de se ressaltar que “7 Prisioneiros” não é um filme fácil de ser assistido, porém é bastante necessário. Retirando uma falta de retoque ou outro, no seu texto, o longa acerta, precisamente, ao “incomodar” seu espectador, o fazendo refletir.


Talvez seja essa uma das grandes qualidades do cinema, em geral. Não é mesmo?



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marcas da Maldição (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Mais de vinte anos, após a estreia de “A Bruxa de Blair” (1999), maior sucesso do gênero Terror com câmera na mão, a Netflix traz um novo filme com essa abordagem. O principal chamariz, para o longa dos anos 90, era a inauguração da onda de focar no uso de fitas abandonadas, com imagens de florestas assustador a s, onde habit avam maldições. Tentando retomar essa “ vibe” antiga, o diretor Kevin Ko lança seu “Marcas da Maldição” . O cineasta já é bastante conhecido, pelo talento de proporcionar “bons sustos” e criar uma atmosfera crescente, a partir de suas imagens. Em tela, é apresentado um ciclo, composto por pessoas curiosas, que se aproximam de lugares proibitivos, que acabam gerando situações amedrontadoras, como consequência as mesmas. Aqui, temos um grupo que tenta desmascarar casos sobrenaturais, para seu canal, no Youtube. Porém, eles acabam se envolvendo num ritual real, morrem e sobra apenas uma jovem mãe (Hsuan-yen Tsai), dos integrantes . ...

A Família Addams 2: Pé na Estrada (Crítica)

loucosporfilmes.net Só começar a música, que todos já começam a estalar os dedos. Nesse ritmo, chega, até nós, a sequência da animação de “A Família Addams” (2019), muito pelo sucesso desta primeira produção. Porém, o fator pandemia atrapalhou a MGM e Universal Pictures, na divulgação do longa. Mesmo depois de muita espera, “A Família Addams 2: Pé na Estrada” conseguiu chegar aos cinemas, e, infelizmente, não passa nem perto, em termos de qualidade, de seu antecessor. A aposta da vez foi colocar nossa adorável família viajando, pelos Estados Unidos. Pena, que toda essa tentativa de road movie familiar não tenha nada de memorável. Apesar de bons momentos, se pegos isolados, tudo fica inserido num grande remendo. Ao final da história, fica a sensação de que o trio de roteiristas (Dan Hernandez, Benji Samit e Ben Queen) achou que apenas a força de seus personagens já iria satisfazer o espectador. A principal característica da franquia, sem dúvida, é de colocar seus protag...

Beckett (Netflix) – Crítica

aodisseia.com Um velho artifício para se produzir uma história, que prenda o espectador do início ao fim, é escolher uma trama que envolva paranoia e teorias da conspiração. Nessa “vibe”, a Netflix aposta em “Beckett” , um thriller que promete. Beckett é o nome do protagonista, interpretado por John David Washington ( “Infiltrado na Klan” ), que está de férias com a namorada, April (Alicia Vikander), em Atenas, na Grécia. Durante a hospedagem, em um hotel, eles ficam sabendo de um protesto, que irá ocorrer próximo, e então decidem viajar, de carro, para o interior. Porém, durante o trajeto, o casal sofre um acidente. Beckett perde a esposa e ele acaba vendo um menino ruivo, antes de desacordar. Depois de ser resgatado, Beckett se vê caçado, sem saber o porquê, e precisa lutar para chegar à embaixada americana, em Atenas. A direção de “Beckett” é comandada por Ferdinando Cito Filomarino, e possui dois grandes arcos. O primeiro foca mais nas férias felizes do casal protagoni...