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“Marighella” é o
primeiro filme dirigido por Wagner Moura, mais conhecido como um dos grandes
atores do cinema nacional. Aqui, sua proposta, por trás das câmeras, é simples:
Defender a liberdade de pensamento de seus personagens, mesmo que discordamos deles,
em alguns momentos.
A fotografia usada, inclusive,
opta pelo uso de planos mais fechados, tentando sempre captar as reações de
todos. Isso fica mais nítido, quando se insere o espectador dentro da
resistência, proposta pelo grupo armado, liderado pelo personagem-título, uma
figura histórica brasileira, contra a ditadura militar.
Embora, apesar de estar num
período histórico definido, o filme amplia a discussão para qualquer luta
contra opressão, tendo como seu maior representante seu protagonista, o
político, escritor e guerrilheiro comunista, Carlos Marighella.
É bom salientar que, aqui,
não temos uma cinebiografia clássica. Seus 155 minutos focam mais no contexto
histórico, do que, necessariamente, no seu protagonista. Marighella, nesse retrato,
é uma caricatura, seja de um revolucionário, para quem o segue, seja de um
terrorista, para quem o vê como uma ameaça.
“Marighella”, o
filme, não é um juízo de valor sobre seu protagonista. Suas ações são, permanentemente,
questionadas, até por aqueles que o segue. Nisso, vemos a influência que o roteiro,
escrito por Moura e Felipe Braga (“Sintonia”), na biografia “Marighella
– O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo”, escrita pelo jornalista Mário Magalhães,
mas sem se apropriar também de um pouco de ficção, para o reforço da mensagem.
No elenco, destaque para
Luiz Carlos Vasconcelos e Herson Capri, que vivem, respectivamente, Almir,
braço direito de Marighella, e Jorge Salles, jornalista militante do PCB
(Partido Comunista Brasileiro). Ambos funcionam como o lado mais racional da luta.
No antagonismo da trama, temos Bruno Gagliasso, vivendo o delegado fascista Lúcio.
Embora, esse trio esteja
muito bem, o destaque, claro, fica para Seu Jorge, que vive o protagonista. Ele
traz a imponência necessária ao personagem, entregue 100% a sua luta.
Apesar do riquíssimo texto, o
filme não brilha em todo momento. Suas principais derrapadas estão quando Moura,
em sua direção, começa tentando emular, mais do que necessário, o cinema comercial
americano, dando grande agilidade a grandes sequências de ação. Isso, por si só
seria um elogio, porém acaba se perdendo, à medida que o filme passa e se
desconecta com esse cinema brutal, apostatando também na morosidade/paciência,
em outros momentos.
Ainda assim, “Marighella”
é uma cinebiografia fora dos padrões, o que a sobressai perante as outras, e se
mostra uma bela ótica ao seu personagem-título, permitindo o espectador
concordar ou não com ele, em diversos momentos. Isso já é uma grande vitória.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)
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