Pular para o conteúdo principal

Noite Passada em Soho (Crítica)

cinepop.com.br


Soho é um bairro de Londres, caracterizado pelo seu aspecto cultural e suas luzes neons, que junto dos seus famosos restaurantes, dão o diferencial do lugar. As conhecidas ruas de Soho podem ser vistas, como cenografia principal, no novo filme do diretor Edgar Wright, “Noite Passada em Soho”.


Os fãs do diretor, certamente, já estão acostumados com o aspecto próprio de Wright, que ele sempre trouxe em sua filmografia. Na trilogia Corneto, temos a sua quebra da fórmula convencional, em “Scott Pilgrim Contra o Mundo”, sua adoração pela Cultura Pop, e em “Baby Driver”, seu amor pela música.


Além disso, todos os seus protagonistas são caracterizados como adolescentes complexados, que precisam deixar o passado, para viver de forma plena, no seu presente. Agora, jogue isso numa fotografia neon, inspirada no cinema italiano, e chegamos em “Noite Passada em Soho”.


Seu enredo é centrado em Eloise (Thomasin Mackenzie), uma menina tímida, que sai do interior da Inglaterra, em direção a Soho, para buscar seu sonho de trabalhar como estilista. Tudo caminha bem, até que a jovem, aparentemente, começa a ver espíritos. Após uma noite desagradável ao lado de suas colegas de dormitório, ela decide procurar outro lugar para se hospedar. Assim, ela acaba encontrando um quarto antigo, no prédio da Sra. Collins (Diana Rigg).


No fim de seu expediente, ao dormir em sua nova cama, a jovem consegue ter uma conexão com o passado, e passa a viver nele, na pela de Sandie (Anya Taylor-Joy), uma jovem cantora. Isso dá a Eloise um vício inerente, que Wright aproveita para inserir toda sua veia criativa.


A fotografia, de Chung-hoon Chung, e o design de produção, de Marcus Rowland, constrói bem os anos 60, ambientando bem o espectador, na época pedida. A brincadeira entre passado e presente é o chamariz da obra, que, aliada a assinatura de Wright, traz o contraste pedido.


Isso, sem contar na dupla protagonista. Mackenzie e Taylor-Joy estão deslumbrantes. A primeira fica com o avatar da menina tímida, mas sonhadora. Enquanto, a segunda é transformação pedida pela protagonista, indo mais para a loucura, com uma dose de desespero.


Pena que toda essa bonita premissa, derrape no terceiro ato. Wright repete um erro recorrente, em sua carreira, que é de não saber terminar uma história. Aqui, ele trai toda a dinâmica construída, tentando uma reviravolta, sem cabimento. Ele até tenta, no final, reverter, mas o estrago, do início do seu desfecho, já está feito.


Mesmo assim, nada chega a apagar os grandes acertos de “Noite Passada em Soho”. Destacando-se as belas atuações da dupla protagonista e da caprichada ambientação apresentada.



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Arremessando Alto (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Embora tenha sucesso, de público diga se passagem, nas comédias, o ator Adam Sandler já não causa mais surpresa quando aposta em projetos mais dramáticos. Aliás, essas escolhas, geralmente, são acertadas. Ele já trabalhou com diretores do alto gabarito, como Paul Thomas Anderson ( “Embriagado de Amor” ), os Irmãos Safdie ( “Joias Brutas” ), Noah Baumbach ( “Os Meyerowitz” ), Jason Reitman ( “Homens, Mulheres e Filhos” ). Todos esses exemplos, longe da sua produtora, Happy Madison . Apesar da desconfiança, “Arremessando Alto” pode ser a exceção que confirma a regra, de que Sandler “não dá certo” produzindo e atuando, ao mesmo tempo. O filme, recém-lançado, na Netflix, traz um Adam Sandler mais próximo do real, já que o ator é um fã confesso de basquete. “Arremessando Alto” é dirigido por Jeremiah Zagar ( “We The Animals” ), e traz Sandler na pele de Stanley Surgerman, um olheiro do Philadelphia 76ers, tradicional clube da NBA, a principal Liga de Basquete Am

Continência ao Amor (Netflix) – Crítica

tecmundo.com.br “ Continência ao Amor” , sem dúvida, pelo menos, em termos de popularidade, é um dos maiores sucessos da Netflix, no ano. Liderando por semanas, em visualizações, o filme é do gênero romance, e apela para tropes básicos como: um casal formado por opostos, inicialmente precisando fingir um relacionamento, porém desenvolvendo maiores sentimentos. A direção é comandada por Elizabeth Allen Rosenbaum, experiente em produções focadas no público jovem. Aqui, ela, pela primeira vez, tenta trazer uma obra, um pouco, mais dramática, enquanto equilibra uma série de clichês. Embora tenha até êxito nisso, a primeiro momento, os desdobramentos, desse aspecto mais sério, não acompanham a narrativa. Na trama, em si, conhecemos Cassie (Sofia Carson), uma jovem latina e liberal, que encontra Luke (Nicholas Galitzine), um rapaz militar e conservador, que possui uma relação distante com seu pai. No sentido de apresentação de seus personagens, até que o filme funciona. O bás

Ghostbusters: Mais Além (Crítica)

cinepop.com.br Mais do que fantasmas, os cinéfilos tinham medo eram das continuações de “Caça-Fantasmas” (1984), que no filme original era estrelado por Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Erine Hudson, com direção de Ivan Retiman.   Depois de tantas decepções, em suas sequências, será que precisaríamos de mais uma? A Sony acreditava que sim, e lançou “Ghostbusters: Mais Além” , que tenta homenagear o original, mas também seguir em frente, como o possível início de novas aventuras.   Na trama da vez, iniciamos com uma mãe viúva e seus dois filhos sendo obrigados a se mudarem, para uma casa isolada, no interior. Localizada na fazenda do avô das crianças, se descobre que o local possui uma ligação com o Universo dos Caças-Fantasmas.   A direção de “Ghostbusters: Mais Além” fica a cargo de Jason Reitman, filho do diretor dos originais, que recebe a incumbência de retomar a franquia do pai. Embora pareça apenas uma escolha pelo parentesco, é importante ressaltar que ele vem de traba