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Tick, Tick...BOOM! (Netflix) – Crítica

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Já dizia o samba clássico da Mocidade Independente de Padre Miguel, agremiação do carnaval carioca: “Sonhar não custa nada”. A busca do sonho, a partir do nosso imaginário, com um protagonista persistente é algo muito batido, no cinema.


O mais recente projeto, que usa esse tema, é “Tick, Tick...BOOM!”, desenvolvido por Lin-Manuel Miranda, que mantém a fórmula conhecida, de acompanharmos o desafio de um personagem para atingir algo, passando por suas dores.


Aqui, a obra se inspira na autobiografia de Jonathan Larson, sendo interpretado por Andrew Garfield. Larson é um compositor, que recentemente completou 30 anos de idade. Nunca tendo atingido o estrelato, ele planeja sua cartada final ao produzir um novo musical.


O entorno de Jon é o mais interessante, pois abraça a melancolia dos anos 90, em meio a explosão de casos de HIV. Porém, isso é meio que desperdiçado, já que a trama prefere focar nos relacionamentos comuns do protagonista com sua namorada, algo bem desinteressante.


O que frusta mais em “Tick, Tick...BOOM!” é que tudo em volta é mais atraente do que a trama central. Estamos na década de 90, o início do auge da tecnologia. A história se passa em Nova York, uma cidade rica para esse tipo de exploração, mas parece que Miranda não acredite nesse potencial.


Mesmo assim, vale pelo drama de Jon, que passa por um momento conturbado, envolvendo a chegada da vida adulta. Ainda mais por sua vida toda ser focada, exclusivamente, no sonho de se tornar um grande diretor de teatro. Mas se isso der errado? O que será de Jon? Essa discussão cria uma empatia necessária, que dá um mínimo de ritmo a história.


Esse acerto ainda é maior, pela escalação de Andrew Garfield. Além de interpretar o compositor, ele incorpora bem sua dor e seus medos.


Lin-Manuel Miranda apesar de não trazer muitas novidades, em sua direção, consegue, ao menos, guiar bem a transição das músicas com que a trama pede. Tudo é bem coreografado e organizado.


Embora simplifique muito uma década tão complexa, ainda mais na questão séria do surto do vírus do HIV, que poderia ter sido mais bem explorada, “Tick, Tick...BOOM!” vale pela ótima atuação de Garfield, que consegue concentrar as emoções da história e imprime bem a dor principal do protagonista.



Nota: ⭐⭐⭐ (Ok)

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