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A Mão de Deus (Netflix) – Crítica

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O diretor italiano Paolo Sorrentino decidiu retornar a sua cidade natal, Nápoles, na Itália, para contar sua própria cinebiografia, dando ênfase num recorte específico. Recorte esse marcado tanto pelo lado jovem e vivo do local, quanto trágico pelas perdas sofridas.


No recorte em questão, a figura de Sorrentino é representada por Fabietto Schisa (Fillipo Scotti), um rapaz sem amigos, mas que vive feliz, com o apoio de sua família e sua paixão pelo time do coração, o Napoli. Mais especificamente, o filme começa com a expectativa de Fabietto e seu irmão, Marchino (Marlon Joubert), para a chegada do craque argentino, Diego Maradona ao Napoli.


Além de Marchino, a família de Fabietto é composta também pelo seu pai, rabugento, Saverino (Toni Sevillo) e sua mãe, sarcástica, Maria (Teresa Saonangelo). O filme ainda conta com alguns outros parentes de Fabietto, que circulam a trama.


Pegando esses inúmeros integrantes da família, destaque para a sedutora tia Patrizia (Luisa Ranieiri), que além de se apresentar como musa de Fabietto, vive um drama particular, retratado, principalmente no começo e no final do longa.


O grande sucesso do filme, sem dúvida, está na sua fotografia. Daria D’Antonio, responsável pela tal, consegue imergir o espectador em Nápoles. Para quem conhece a cidade, tudo se mostra, bastante, realista, principalmente, a nos depararmos com seus becos, a beira-mar e a vivacidade da região.


Outro acerto está na escalação de Scotti, para viver o protagonista. Aliado as dicas do diretor, o ator consegue transmitir as emoções de seu personagem, de forma natural e imerge o espectador, como ouvinte das histórias, do resto dos personagens. Porém, o roteiro não consegue acompanhar o esforço do ator, já que Sorrentino se fecha muito na sua visão, e trata tudo de forma particular, excluindo o público. Há inúmeros diálogos/piadas internos, que não surtem efeito, para quem não é da família.


A duração também prejudica nisso, já que não há muito espaço para a evolução do protagonista. O recorte é tão pequeno, que tudo é objetivo demais, e não ganha um desenvolvimento merecido.


Com isso, fica a sensação de que “A Mão de Deus” empaca no meio do caminho. Apesar da boa atuação de Fillipo Scott e toda a atmosfera de Nápoles, perfeitamente, criada, a cinebiografia, em questão, focou muito no particular, e não conseguiu dar a abrangência necessária, para o bom aproveitamento de todos.



Nota: ⭐⭐⭐ (Ok)

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